sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

A juventude virtual




Fonte: O Globo Online Data: 20/12/2007
Autoria: Fernando Pradel
Nesta virada de século e início do 3º milênio, por força da globalização, da liberdade de expressão, da independência, da evolução tecnológica ou sei lá do que, boa parte da juventude mundial se vê completamente desorientada, atordoada, na busca desenfreada por emoções que podem custar muito caro. A adesão às drogas, a esportes radicais e a uma infinidade de condutas irresponsáveis e inconseqüentes coloca essa geração na contramão da vida. A internet, os "smartphones", as câmeras digitais, os laptops, os MP4, os "Orkuts" e "You Tubes" da WEB e toda convivência com muita tecnologia e muita informação de conteúdo suspeito estão transformando de forma muito rápida a cabeça da juventude mundial. A coisa fica ainda mais feia justamente nos países em desenvolvimento como o Brasil, onde a introdução maciça da tecnologia caminha junto e é facilitada pela população atrasada e carente de educação e valores.
Os jovens de hoje já não querem nem sabem mais esperar. São impacientes. Desejam tudo ao mesmo tempo. Emoções, festas, noitadas, drogas, relacionamentos, experiências, viagens, amigos virtuais ou não, por todos os continentes e a qualquer tempo, são os objetivos espasmódicos destas pessoas. Pais e mães que não conseguiram pegar esse "bonde" junto com seus filhos perderam o pouco controle que tinham sobre eles. Mesmo aqueles que conseguiram uma carona não têm pique pra acompanhá-los.
Os filhos pobres, vendo e vivenciando tudo, por força dos infindáveis instrumentos de comunicação, desejam possuir, ter, e fazer a mesmo que fazem os filhos dos ricos. Esses, por sua vez, desejam mais e mais, de forma quase que compulsiva, para satisfazer seus egos e ficar bem com suas "turmas". Desejam conquistar em pouco tempo a condição profissional e principalmente financeira que muitas das vezes seus pais levaram décadas para alcançar. Perderam a noção dos degraus que a vida sabiamente nos impõe, deixando de vivenciar etapas importantes e desconhecendo a satisfação e o prazer de atingir objetivos e valorizar as lutas e dificuldades de cada percurso. São jovens de objetivos descartáveis, vivendo meio que sem rumo, ao sabor das influências e novidades de cada momento. Caberá a quem "abrir os olhos" desses jovens?
Aqui no Brasil, muitos pais, coitados, nem se aperceberam ainda desta realidade. Desconhecem por completo os caminhos e descaminhos de seus filhos. Não sabem de nada ou fingem não saber, o que é ainda pior! Por outro lado, o Estado, completamente incompetente, que não tem a capacidade de planejar coisas muito mais simples, como Saúde e Educação para nossa gente, está longe de esclarecer e efetivamente ajudar essa juventude.
Infelizmente, enquanto não aparecer uma luz no final deste túnel, boa parte da geração de jovens que nasceram nas décadas de 80 e 90 está condenada a ser as cobaia desta virada tecnológica que tem na quantidade, diversidade e velocidade da informação os principais fatores que contribuem para a desenfreada busca da felicidade imediata. Quando a ficha cair, poderá ser tarde!

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