No
início de junho de 2013 começaram na capital gaúcha e depois, paulatinamente foi
expandida para outras capitais, uma série de manifestações contra reajustes das
tarifas dos transportes urbanos. Essas ações configuraram um movimento
reivindicatório de abrangência nacional, que contempla uma pauta que passou a
incluir inúmeras reivindicações. As principais delas são:
a)
Melhoria no
sistema de saúde, pois é comum nos hospitais públicos a existência de longas
filas para o atendimento do cidadão e à falta de leitos hospitalares, ocorrendo
casos de pacientes ficarem nos corredores dos hospitais, sendo que muitos deles
no chão.
b)
Melhoria na educação, com melhor estrutura física das
escolas, melhores salários para os professores, acesso à internet, existência
de bibliotecas.
c)
Melhoria na
segurança; nos últimos tempos têm ocorrido muitas mortes cometidas por jovens
que ficam impunes e estão abrigados por uma legislação que dá liberdade a esses
infratores quando atingem a maioridade, no caso 18 anos.
d)
Gastos
nababescos com estádios de futebol para a Copa do Mundo – no caso de Brasília
os custos finais devem atingir um bilhão de dólares (sim, de dólares);
e)
Fim da corrupção
-- agora uma praga quase que generalizada nos três níveis de governos. Em quase
todos os lugares devem existir processos contra a corrupção inconclusos ou que
se arrastam por muito tempo.
f)
A prisão dos
envolvidos com o escândalo do grupo dos “Mensaleiros”, integrado por mais de
trinta pessoas, entre elas ex-ministro e parlamentares. Esse processo vem se
arrastando por mais de sete anos no Supremo Tribunal Federal e alguns dos
envolvidos voltaram a ocupar cargos importantes devido a brechas na legislação.
g)
A não aprovação
da Proposta de Emenda Constitucional 37 (PEC 37) que reduz os poderes de
investigação do Ministério Público, ficando a Polícia Federal – supervisionada pelo
Poder Executivo – como única responsável por esse tipo de investigação.
O
movimento está crescendo e ontem, 20 de junho, aconteceram passeatas em mais de
120 cidades brasileiras, trazendo às ruas quase dois milhões de pessoas. Em
algumas dessas manifestações ocorreram violência – sempre existe uma minoria
que procura provocar incêndios, roubar lojas, destruir placas de trânsito,
entre outras coisas. O certo é que não se sabe como isto tudo irá terminar.
Os
manifestantes são em sua maioria jovens estudantes que defende redução de
tarifas ou mesmo eliminação delas do transporte público das cidades. A eles se
somaram integrantes de outros movimentos sociais e pessoas comuns; quase todos usam
as redes sociais como ferramentas de mobilização e divulgação.
É
comum ver na imprensa que o “o Brasil agora acordou” e que os manifestantes
desejam mudá-lo – vale lembrar que o Hino Nacional tem uma estrofe que diz que
o país está “deitado eternamente em berço esplêndido”. Será que o gigante está
acordando, meio zonzo com o cheiro do gás lacrimogêneo?
Neste
contexto de demandas sociais creio que os bibliotecários, arquivistas,
museólogos e outros profissionais da informação poderiam engrossar as
passeatas, levando cartazes contendo dizeres como: “Queremos bibliotecas com o
padrão FIFA”, “O Brasil quer arquivos com o padrão FIFA”, ou mesmo, “Agora é
hora de museus com padrão FIFA”.
Gostemos
ou não este parece ser um momento histórico.
Murilo Cunha
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