do Portal de referência NDC/UFF.
Cientistas dinamarqueses conseguem dar corpo a rede de comunicação quântica com uma experiência bem sucedida de teletransporte de informação. Os resultados da experiência estão publicados na edição de 05 de Outubro da revista científica Nature e são um importante avanço para as novas redes de comunicação do futuro.
Pensar que os bits, 0 e 1, dos computadores podem ficar rapidamente obsoletos, é uma ideia que começa a tomar forma com os novos avanços tecnológicos e o recurso à ciência quântica. Cientistas do Niels Bohr Institute (NBI), na University of Copenhagen, na Dinamarca, anunciam bons resultados no teletransporte de informação através de uma rede de comunicação quântica, capaz de transportar grandes quantidades de informação com total segurança.
«O teletransporte vai revolucionar a comunicação computacional», afirma Eugene Polzik, cientista do NBI, citado em comunicado da instituição e acrescenta que, «a informação não vai ser codificada e tratada em 0 e 1 bits como acontece hoje, mas antes em estados quânticos nos quais podem existir simultaneamente e em sobreposição estados de 0, 1, 2, etc». O cientista adianta ainda que «desta forma as redes de comunicação podem transferir muito mais informação do que com os bits normais» e, para além disso, «outra característica importante é que a troca de informação vai ser completamente segura».
Com o recurso à interligação de luz e átomos, os cientistas dinamarqueses dizem ter sido capazes de teletransportar informação através da luz, de um ponto A para um ponto B, a uma distância de aproximadamente um metro sem qualquer meio de ligação.
«O ponto B é uma célula de vidro que contem vapor de átomos césios. Este envia um raio de luz através do gás e como resultado os dois sistemas (átomos e luz) ficam interligados», explicam os cientistas, de acordo com comunicado do NBI.
«Esta interligação é um fenómeno fundamental no mundo quântico microscópico (um quântico refere-se a um objecto invisível e, no nosso caso, a átomos de gás e aos fotões que constituem a nossa luz», referem os especialistas e adiantam que, «ficar interligado significa que (átomos e fotões) estão ligados por um meio quântico que os sincronizam».
Os cientistas explicam que na experiência, cujos resultados estão publicados na Nature, o ponto A não contém qualquer informação quântica útil até que é atingido por um fraco pulso de luz que faz o teletransporte dessa informação. «A informação está contida na onda de luz», explicam os cientistas e acrescentam que, «a amplitude dá a intensidade da luz e do comprimento de onda (fase) a sua cor».
No entanto, apesar dos dois tipos de informação quântica serem transportados pela luz, não podem ser registados em simultâneo nem decifrados de forma imediata. Numa fase intermediária, quando os dois raios de luz se encontram e são misturados - ou seja, aquele que interliga a célula no ponto B com a informação quântica - o ponto A faz a medição dos dois, apesar desta medição não permitir decifrar a informação.
«O passo seguinte é para o ponto A entrar em contacto com o ponto B, dando ao ponto B, os resultados da medição do ponto A na luz», explicam os cientistas e adiantam que, «devido à ligação quântica que um dos raios medidos teve com os átomos no ponto B, é possível que ponto B decifre a informação e o resultado é que agora o B, tem a informação que foi teletransportada pela luz».
A experiência dos especialistas dinamarqueses implica um teletransporte de informação num espaço de 50 centímetros, o que os leva a acreditar, que este é o primeiro passo para compreender como as redes de informação do futuro, com base no teletransporte, poderão funcionar.
(Fonte: TV - Ciência On-line - 23-10-2006 18:10 ) Data de publicação: 10/30/2006