segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Informação e Ideia




Sara Santos, aluna do Mestrado em Ciências da Informação e da Documentação na FCSH/UNL sente que continuam questões por responder que gostaria (ela e alguns colegas) ver esclarecidas:

Como entende a diferença entre informação e ideia/ informação e linguagem? 
Uma das definições que apresentou para informação foi "conjunto estruturado de representações mentais codificadas (símbolos significantes) socialmente contextualizadas e passíveis de serem registadas num qualquer suporte material (papel, filme banda magnética, disco compacto, etc.) e, portanto, comunicadas de forma assíncrona e multidireccionada." (Silva; Ribeiro, 2002). Esta definição encontra-se muito próxima daquela que F. Saussure tece para a ideia de "língua" na introdução do seu Curso de Linguística Geral. Fico com algumas dúvidas como coloco a CI no âmbito da linguagem, como interdisciplina, e como coloco a CI no âmbito da ideia, como convenção. A mera ideia não é informação (?), mas será esta um epifenómeno daquela?

Trata-se de uma excelente intervenção dentro deste espaço do Consultório CI e com autorização expressa da própria reproduzo o teor do mail que lhe enviei:

Quanto ao problema que coloca peço-lhe que se concentre na definição operatória com que trabalha a CI transdisciplinar que vimos desenvolvendo no Porto e em Portugal. Sendo informação um conjunto estruturado de representações mentais e emocionais isto significa que remte o fenómeno para o domínio biopsicológico onde ideias, imagens e emoções emergem da cognição e da emotividade constituindo-se em informação a partir do momento em que são codificadas e expressas ainda dentro da cabeça humana num código qualquer, nomeadamente o linguístico. Saussure dá à lingua um sentido que vai para além de código e daí a importância operatória, para semiólogos, sociólogos e outros especialistas, do conceito de linguagem. Eu tenho mais dificuldade em distinguir linguagem de informação do que informação de língua. Esta é um código e como tal elemento constitutivo do fenómeno e processo info-comunicacional. Já não consigo distinguir com tanta clareza informação de linguagem, porque é frequente assistir a situações em que quem usa linguagem está a significar algo idêntico ao que condensamos na definição de informação que reproduziu.

Resumindo: a noção de ideia subsume-se na expressão reprersentação mental e emocional, cabendo dentro da definição de informação, assim como língua é aceite, por nós, como código socio-cultural incorporado pelos seres humanos a partir do momento em que nascem numa determinada família, comunidade e país. E da mesma forma aprendem outros códigos, nomeadamente o numérico (base da aritmética), o musical, o geométrico, o cromático, etc. Os códigos permitem expressar ideias ou representações constituindo uma unidade de sentido completa - a informação - que tende a ser comunicada, partilhada, trocada, usada com o(s) outro(s).

Espero ter sido proveitosamente esclarecedor, mas sinto que este tópico pode render bastante e desejo voltar a ele.

1 Comentários:

Leandro Libério on 16 fevereiro, 2011 disse...

Prof. Malheiro,

Tenho outra dúvida: pelo que percebi pelo teu livro "A Informação", por exemplo, o número 49 (num texto isolado) é uma informação. Para os informáticos é uma dado.

Porém Wilson num de seus textos sobre "Information Behavior".... deu um exemplo q fiquei na dúvida.

se no texto tiver assim: "%5d&89" (ou seja... um "dedilhar" qq) ainda continua a ser informação (signo registado num suporte)?

Obrigado antecipadamente!

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