sábado, 29 de janeiro de 2011

Jóias de coroas antigas




Autor: Agostinho Santos.

Fonte: Jornal de Noticias, Lisboa. Data: 25/1/2011.

URL: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1765435

A Biblioteca Pública Municipal do Porto contém no seu acervo milhares de raridades, entre manuscritos e primeiras edições, que são guardadas religiosamente na "Sala Forte". A manutenção e preservação destes documentos custam cerca de 25 mil euros/ano.
Das cerca de 20 mil peças consideradas preciosidades, destaca-se o "Diário da viagem de Vasco da Gama", exemplar único em todo o Mundo - inclusive, os responsáveis da biblioteca pretendem candidatá-lo a Património da Humanidade -, classificado como a maior "pérola" da instituição. A obra foi atracção de uma exposição em Berlim, na Alemanha.
Outra raridade é a "Crónica de D. Afonso Henriques", também bastante requisitada por estudantes e investigadores - a maioria, professores universitários -, que são, aliás, os principais leitores deste tipo de obras.
Segundo Sofia Alves, directora do Departamento Municipal de Bibliotecas da Câmara do Porto, a sala de leitura de manuscritos e reservados (espaço restrito onde se podem consultar as raridades, sempre acompanhado de técnicos, a quem cabe o manuseamento) é frequentada em média por quatro pessoas/dia, nacionais e estrangeiras, algumas das quais fazem consulta que se prolonga por mais de três dias.
Prevenção de pestes
Trata-se de um serviço "especial" a que qualquer cidadão que mostre interesse na consulta de determinado documento pode aceder desde que cumpra as regras. E as regras são simples: preencher uma ficha, usar luvas e consultar a obra, sempre na presença de um técnico da instituição.
Maria João Sampaio, chefe de Divisão de Colecções e Desenvolvimento da autarquia, refere que, logo que o utente requisita determinado documento, este é transportado, com o maior dos cuidados e segurança, pelos técnicos, da "Sala Forte" para a sala de leitura de manuscritos e reservados, espaços devidamente preparados, onde existe, entre outros procedimentos, um controlo rigoroso da humidade e da temperatura.
Aliás, Lucinda Oliveira, bibliotecária e coordenadora da área da conservação e restauro, constituída por cinco pessoas, sublinha que "todas as peças existentes na "Sala Forte" são alvo de várias acções, nomeadamente de prevenção de pestes, sujeitas a desinfestação e higienização das folhas."
O acondicionamento das raridades, nomeadamente utilizando boas madeiras e caixas de cartão concebidas propositadamente para cada peça, são algumas das tarefas obrigatórias da equipa.
Das obras rotuladas de raras, destacam-se também vários documentos de temática musical, como o "Manuscrito 714", do século XV, que pertenceu ao cantor-mor de Santa Cruz de Coimbra e que contém um tratado de música de Johannes de Muris e peças musicais de Dufay e de outros compositores.
Já do século XIX e XX e que integram o apelidado departamento "Museu de autógrafos", a biblioteca dispõe de inúmeros espólios, constituído por manuscritos, primeiras edições e objectos pessoais de, entre outros, Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis, António Nobre, António Carneiro, Almeida Garrett, José Régio, Antero de Figueiredo, Alberto de Serpa e Alexandre O"Neill.
Para o bibliotecário Jorge Costa, esta parcela de documentos é "maioritariamente procurada por universitários e historiadores académicos ou amadores".

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