A Câmara Municipal da cidade de Barcelos aposta na informação online para munícipes e turistas. Veja como numa reportagem da SIC
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Informação online para munícipes e turistas
0 Comentários sexta-feira, fevereiro 27, 2009
Publicado por Nuno de Matos
Assunto: Barcelos, informação online
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Em defesa do livro
0 Comentários quinta-feira, fevereiro 26, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: Câmara Brasileira do Livro, leitura, livro
Em defesa do livro
Fonte: Zero HoraRedação
Numa agitada eleição para a escolha da diretoria que vai comandar a Câmara Brasileira do Livro (CBL) no biênio 2009/2011, na quarta-feira passada, a atual presidente Rosely Boschini foi reeleita com 185 dos 238 votos. A CBL tem 554 associados e promove a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, além de conceder o prestigiado Prêmio Jabuti. Rosely Boschini derrotou o candidato da chapa Mudança & Participação, Armando Antongini Filho, que recebeu 52 votos e acusava a atual diretoria de firmar um acordo irregular com uma empresa de marketing para captação de recursos incentivados pela Lei Rouanet. Houve apenas um voto nulo. Entre as propostas da presidente, que concedeu uma entrevista antes da eleição, está a reformulação da Bienal do Livro e a expansão dos festivais literários.
Pergunta – Como o Brasil pode se tornar um país de leitores?
Rosely Boschini – O Brasil deu passos importantes nos últimos anos. A adoção da Lei do Livro, a desoneração fiscal e a criação do Plano Nacional do Livro e Leitura são alguns deles, e a CBL esteve entre os protagonistas. Os editores, que têm feito do Brasil o oitavo maior produtor de livros do mundo, fazem sua parte, publicando livros de qualidade e procurando, com distribuidores e livreiros, colocá-los ao alcance dos leitores. Mas está na hora de avançar mais rápido. Precisamos de mais investimentos em educação e cultura e de políticas públicas capazes de garantir maior acesso aos livros nas livrarias e nas bibliotecas públicas.
Pergunta – Quais os efeitos da pirataria do livro no país?
Rosely – Autores e indústria editorial perdem, em todo o mundo, bilhões de dólares ao ano, causando prejuízos muitas vezes insustentáveis que inibem novos investimentos. Temos buscado esclarecer leitores, autoridades e universidades sobre as consequências danosas para a sociedade. É certo que é preciso distinguir entre pirataria e o uso comercial abusivo de produtos produzidos legalmente por empresas que pagam impostos, com exceções já previstas nas leis, em especial a Lei de Direitos Autorais. Por isso, a CBL tem defendido uma ação combinada entre educação, repressão pontual com base na legislação e diálogo permanente com as autoridades.
Pergunta – O que a senhora pensa sobre a mudança na lei do direito autoral proposta pelo governo (veja quadro ao lado)?
Rosely – É preciso ter a compreensão de que a propriedade intelectual é um bem jurídico. Receio que a mudança na legislação autoral possa causar insegurança jurídica aos detentores de direitos autorais e prejudicar os investimentos na criação, na produção e na difusão da cultura escrita. Estamos acompanhando as propostas de alteração, ainda sob análise do Ministério da Cultura, e criamos um grupo de trabalho, representativo de quase 30 entidades, para dialogar e defender as posições do setor junto ao governo. Para chegar a uma proposta viável, o Estado deve criar mecanismos que permitam o livre acesso à cultura e resguardem os autores e detentores de direitos autorais.
Pergunta – De que forma a CBL pode participar ativamente da expansão de mercados literários como áudio-livros, e-books etc.?
Rosely – Uma das ações que a CBL tem feito é buscar, por meio da Escola do Livro, a capacitação profissional do setor nessa área. Vamos intensificar a promoção de debates sobre políticas públicas e mercadológicas com especialistas da área e criar uma agenda para discutir temas como a proteção aos direitos autorais no ambiente digital. Ao mesmo tempo, vamos apoiar inúmeras ações pontuais, como a CBL tem feito, por exemplo, com as entidades que investem no audio-livro como meio para democratizar o acesso de portadores de qualquer tipo de deficiência à leitura.
Pergunta – Como se posiciona a CBL diante da apreensão do mercado editorial com o abalo na economia mundial?
Rosely – Temos trabalhado em duas frentes: uma para fortalecer as relações institucionais com o governo, que melhoraram nos últimos anos; a outra para capacitar empresários e profissionais da área. É importante ter em mente que, embora grave, a crise é passageira. Por isso, é fundamental que os investimentos em educação continuem a ser encarados como prioridade do governo, o principal comprador de livros do país. Outro desafio é com relação ao crédito. Os empresários do livro não dispõem de linhas especiais de financiamento. Isso deve ser revisto.
Reforma da Lei de Direitos Autorais Até o segundo semestre, o governo deve apresentar um projeto de reforma à Lei de Direitos Autorais que traz pontos polêmicos, como a limitação da exclusividade do direito do autor em determinadas situações em que a “função social” assim exija – ou uma autonomia maior do artista para definir a forma de seus direitos.
Fonte: Zero HoraRedação
Numa agitada eleição para a escolha da diretoria que vai comandar a Câmara Brasileira do Livro (CBL) no biênio 2009/2011, na quarta-feira passada, a atual presidente Rosely Boschini foi reeleita com 185 dos 238 votos. A CBL tem 554 associados e promove a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, além de conceder o prestigiado Prêmio Jabuti. Rosely Boschini derrotou o candidato da chapa Mudança & Participação, Armando Antongini Filho, que recebeu 52 votos e acusava a atual diretoria de firmar um acordo irregular com uma empresa de marketing para captação de recursos incentivados pela Lei Rouanet. Houve apenas um voto nulo. Entre as propostas da presidente, que concedeu uma entrevista antes da eleição, está a reformulação da Bienal do Livro e a expansão dos festivais literários.
Pergunta – Como o Brasil pode se tornar um país de leitores?
Rosely Boschini – O Brasil deu passos importantes nos últimos anos. A adoção da Lei do Livro, a desoneração fiscal e a criação do Plano Nacional do Livro e Leitura são alguns deles, e a CBL esteve entre os protagonistas. Os editores, que têm feito do Brasil o oitavo maior produtor de livros do mundo, fazem sua parte, publicando livros de qualidade e procurando, com distribuidores e livreiros, colocá-los ao alcance dos leitores. Mas está na hora de avançar mais rápido. Precisamos de mais investimentos em educação e cultura e de políticas públicas capazes de garantir maior acesso aos livros nas livrarias e nas bibliotecas públicas.
Pergunta – Quais os efeitos da pirataria do livro no país?
Rosely – Autores e indústria editorial perdem, em todo o mundo, bilhões de dólares ao ano, causando prejuízos muitas vezes insustentáveis que inibem novos investimentos. Temos buscado esclarecer leitores, autoridades e universidades sobre as consequências danosas para a sociedade. É certo que é preciso distinguir entre pirataria e o uso comercial abusivo de produtos produzidos legalmente por empresas que pagam impostos, com exceções já previstas nas leis, em especial a Lei de Direitos Autorais. Por isso, a CBL tem defendido uma ação combinada entre educação, repressão pontual com base na legislação e diálogo permanente com as autoridades.
Pergunta – O que a senhora pensa sobre a mudança na lei do direito autoral proposta pelo governo (veja quadro ao lado)?
Rosely – É preciso ter a compreensão de que a propriedade intelectual é um bem jurídico. Receio que a mudança na legislação autoral possa causar insegurança jurídica aos detentores de direitos autorais e prejudicar os investimentos na criação, na produção e na difusão da cultura escrita. Estamos acompanhando as propostas de alteração, ainda sob análise do Ministério da Cultura, e criamos um grupo de trabalho, representativo de quase 30 entidades, para dialogar e defender as posições do setor junto ao governo. Para chegar a uma proposta viável, o Estado deve criar mecanismos que permitam o livre acesso à cultura e resguardem os autores e detentores de direitos autorais.
Pergunta – De que forma a CBL pode participar ativamente da expansão de mercados literários como áudio-livros, e-books etc.?
Rosely – Uma das ações que a CBL tem feito é buscar, por meio da Escola do Livro, a capacitação profissional do setor nessa área. Vamos intensificar a promoção de debates sobre políticas públicas e mercadológicas com especialistas da área e criar uma agenda para discutir temas como a proteção aos direitos autorais no ambiente digital. Ao mesmo tempo, vamos apoiar inúmeras ações pontuais, como a CBL tem feito, por exemplo, com as entidades que investem no audio-livro como meio para democratizar o acesso de portadores de qualquer tipo de deficiência à leitura.
Pergunta – Como se posiciona a CBL diante da apreensão do mercado editorial com o abalo na economia mundial?
Rosely – Temos trabalhado em duas frentes: uma para fortalecer as relações institucionais com o governo, que melhoraram nos últimos anos; a outra para capacitar empresários e profissionais da área. É importante ter em mente que, embora grave, a crise é passageira. Por isso, é fundamental que os investimentos em educação continuem a ser encarados como prioridade do governo, o principal comprador de livros do país. Outro desafio é com relação ao crédito. Os empresários do livro não dispõem de linhas especiais de financiamento. Isso deve ser revisto.
Reforma da Lei de Direitos Autorais Até o segundo semestre, o governo deve apresentar um projeto de reforma à Lei de Direitos Autorais que traz pontos polêmicos, como a limitação da exclusividade do direito do autor em determinadas situações em que a “função social” assim exija – ou uma autonomia maior do artista para definir a forma de seus direitos.
Para onde vão os livros depois da reforma ortográfica?
0 Comentários quinta-feira, fevereiro 26, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: leitura, livro, reforma ortográfica
Qual o destino dos livros depois da reforma ortográfica?
Autora:Anna Carolina Raposo. Data: 20/02/2009
Fonte: Bravo!
Qual o destino dos livros depois da reforma ortográfica?O novo acordo ortográfico dos países lusófonos trouxe, além da unificação da língua escrita, também algumas inquietações a editores e escritores: os livros que não ganharem reedições ficarão datados? Sofrerão desvalorização? O que fazer com os acervos bibliográficos?
Caem tremas, hífens, acentos diferenciais e começam as preocupações de escritores, editores e educadores. Com o novo acordo ortográfico, uma grande quantidade de material editorial terá de ser revisada, substituída, descartada. Alterações que envolvem esforço e investimento. As editoras já prepararam novos exemplares dos livros didáticos e paradidáticos, incluindo os destinados à compra governamental. Mas o mesmo não aconteceu com a literatura adulta, sem cota prevista de vendas. O escritor Fernando Molica preocupa-se com um possível desaparecimento de títulos. Molica tem quatro livros publicados - o último deles, O Ponto da Partida, em 2008, ainda sob a ortografia antiga.
O escritor prevê que, com as novas regras, os livros escritos na grafia antiga tenham uma vida útil de apenas dois anos. "Depois disso, quando o leitor já estiver habituado, a escrita velha vai causar um estranhamento, um desconforto". Ele questiona o que vai acontecer com os que não passam da primeira edição. "Temo uma retirada de catálogo, uma limpeza de estoque, e fico com muito medo da produção contemporânea brasileira sumir. A gente corre o risco de perder conteúdo", explica.
Nas livrariasOs editores não compartilham desse medo. Eles argumentam que o que determina a permanência ou não das obras no mercado é a demanda, e garantem que o sumiço está fora de questão.
"Na verdade, o que comanda a reedição é o interesse do mercado, na medida em que o estoque acaba. O público é quem pede. Não vamos reeditar um livro com uma tiragem mínima de três mil cópias, mas que vendeu 800. Mas também não vamos retirá-lo do mercado", afirma Sérgio França, coordenador editorial da Editora Record.
Ele diz que a reimpressão de uma obra não é condicionada pela reforma, mas pela venda. E, segundo França, o controle sobre o mercado foge, inclusive, da alçada das editoras. "Hoje, o livreiro é quem regula esse mercado. Poucas livrarias mantém estoque. O livreiro tem exposto o que está vendendo, e devolve o que foi adquirido em consignação".
Ele prevê, contudo, uma desvalorização das obras marcadas pelo tempo. "Elas podem acabar entrando em liquidação". No entanto, assegura que não vão desaparecer: "O leitor que quiser um exemplar fora das lojas pode encomendar direto na editora".
Carlo Carrenho, publisher do selo Thomas Nelson Brasil, associada da Ediouro, concorda: "A decisão de reeditar independe da reforma ortográfica. A preocupação com reedições não é grande por que são livros perenes. Mas para os casos especiais, os best-sellers, uma reedição adaptada à nova reforma pode dar, inclusive, um 'novo gás' a um produto que já tem êxito", diz Carrenho.
Revisar obras em sua segunda edição e arcar com esses custos só vale para esses casos especiais, segundo Carrenho. "Mas o livro que não for reimpresso vai continuar onde ele está. Ninguém vai recolher", reitera.
Nas bibliotecasDistanciados das urgências do mercado, os acervos bibliográficos não devem dispensar títulos, mas pensam em como farão para orientar seus leitores. Celina Cattini, vice-diretora do colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, afirma que as cinco bibliotecas da escola, que somam mais de 70 mil títulos, estudam como fazer para preservar seu acervo e, ao mesmo tempo, alertar os alunos.
"Os livros didáticos e paradidáticos que adotaremos a partir desse ano já estão atualizados. Mas temos um acervo que inclui enciclopédias, livros antigos que não serão revistos. Esse material é riquíssimo e não será descartado, porque seu valor literário e histórico independe da nova ortografia".
Cattini reconhece ainda algum potencial educativo dos livros que preservarem a antiga grafia: "Temos inclusive livros anteriores à reforma ortográfica de 72. Eles podem ser enriquecedores para uma análise da mudança da língua ao longo do tempo. Mudança não só ortográfica, mas de vocabulário, de noções de formalidade". O desafio, agora, é colocar em prática o alerta aos leitores sem afastá-los dos livros antigos. O que o colégio ainda estuda como fazer.
Uma reforma para quem? Para Fernando Molica, é preciso questionar a pertinência da reforma. Ele critica o fato de ela não refletir as alterações do idioma falado e a aceitação passiva por parte dos brasileiros. "Para que serve essa reforma se ela não unifica o idioma? Estive em Portugal em maio do ano passado. Lá, eles viam a reforma como uma invasão brasileira. A língua é patrimônio. E não estou falando de intelectuais, é do povo. Aqui, não há esse sentido de propriedade do idioma. Houve uma aceitação mais passiva, com menos discussão".
Nem o propósito de criar um idioma único foi atingido, segundo Carlo Carrenho "É um luta inglória. Para manuais técnicos, tudo bem, mas na literatura, há muito mais do que a ortografia. Existem diferenças no vocabulário, e na estrutura gramatical escolhida." Por isso, a expectativa de ampliar-se o mercado com as possibilidades de exportação para os mercados africanos e de Portugal - apontada como uma das grandes vantagens da reformulação -não deve se concretizar.
E você, que destino acredita que terão os livros depois da reforma ortográfica?
Autora:Anna Carolina Raposo. Data: 20/02/2009
Fonte: Bravo!
Qual o destino dos livros depois da reforma ortográfica?O novo acordo ortográfico dos países lusófonos trouxe, além da unificação da língua escrita, também algumas inquietações a editores e escritores: os livros que não ganharem reedições ficarão datados? Sofrerão desvalorização? O que fazer com os acervos bibliográficos?
Caem tremas, hífens, acentos diferenciais e começam as preocupações de escritores, editores e educadores. Com o novo acordo ortográfico, uma grande quantidade de material editorial terá de ser revisada, substituída, descartada. Alterações que envolvem esforço e investimento. As editoras já prepararam novos exemplares dos livros didáticos e paradidáticos, incluindo os destinados à compra governamental. Mas o mesmo não aconteceu com a literatura adulta, sem cota prevista de vendas. O escritor Fernando Molica preocupa-se com um possível desaparecimento de títulos. Molica tem quatro livros publicados - o último deles, O Ponto da Partida, em 2008, ainda sob a ortografia antiga.
O escritor prevê que, com as novas regras, os livros escritos na grafia antiga tenham uma vida útil de apenas dois anos. "Depois disso, quando o leitor já estiver habituado, a escrita velha vai causar um estranhamento, um desconforto". Ele questiona o que vai acontecer com os que não passam da primeira edição. "Temo uma retirada de catálogo, uma limpeza de estoque, e fico com muito medo da produção contemporânea brasileira sumir. A gente corre o risco de perder conteúdo", explica.
Nas livrariasOs editores não compartilham desse medo. Eles argumentam que o que determina a permanência ou não das obras no mercado é a demanda, e garantem que o sumiço está fora de questão.
"Na verdade, o que comanda a reedição é o interesse do mercado, na medida em que o estoque acaba. O público é quem pede. Não vamos reeditar um livro com uma tiragem mínima de três mil cópias, mas que vendeu 800. Mas também não vamos retirá-lo do mercado", afirma Sérgio França, coordenador editorial da Editora Record.
Ele diz que a reimpressão de uma obra não é condicionada pela reforma, mas pela venda. E, segundo França, o controle sobre o mercado foge, inclusive, da alçada das editoras. "Hoje, o livreiro é quem regula esse mercado. Poucas livrarias mantém estoque. O livreiro tem exposto o que está vendendo, e devolve o que foi adquirido em consignação".
Ele prevê, contudo, uma desvalorização das obras marcadas pelo tempo. "Elas podem acabar entrando em liquidação". No entanto, assegura que não vão desaparecer: "O leitor que quiser um exemplar fora das lojas pode encomendar direto na editora".
Carlo Carrenho, publisher do selo Thomas Nelson Brasil, associada da Ediouro, concorda: "A decisão de reeditar independe da reforma ortográfica. A preocupação com reedições não é grande por que são livros perenes. Mas para os casos especiais, os best-sellers, uma reedição adaptada à nova reforma pode dar, inclusive, um 'novo gás' a um produto que já tem êxito", diz Carrenho.
Revisar obras em sua segunda edição e arcar com esses custos só vale para esses casos especiais, segundo Carrenho. "Mas o livro que não for reimpresso vai continuar onde ele está. Ninguém vai recolher", reitera.
Nas bibliotecasDistanciados das urgências do mercado, os acervos bibliográficos não devem dispensar títulos, mas pensam em como farão para orientar seus leitores. Celina Cattini, vice-diretora do colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, afirma que as cinco bibliotecas da escola, que somam mais de 70 mil títulos, estudam como fazer para preservar seu acervo e, ao mesmo tempo, alertar os alunos.
"Os livros didáticos e paradidáticos que adotaremos a partir desse ano já estão atualizados. Mas temos um acervo que inclui enciclopédias, livros antigos que não serão revistos. Esse material é riquíssimo e não será descartado, porque seu valor literário e histórico independe da nova ortografia".
Cattini reconhece ainda algum potencial educativo dos livros que preservarem a antiga grafia: "Temos inclusive livros anteriores à reforma ortográfica de 72. Eles podem ser enriquecedores para uma análise da mudança da língua ao longo do tempo. Mudança não só ortográfica, mas de vocabulário, de noções de formalidade". O desafio, agora, é colocar em prática o alerta aos leitores sem afastá-los dos livros antigos. O que o colégio ainda estuda como fazer.
Uma reforma para quem? Para Fernando Molica, é preciso questionar a pertinência da reforma. Ele critica o fato de ela não refletir as alterações do idioma falado e a aceitação passiva por parte dos brasileiros. "Para que serve essa reforma se ela não unifica o idioma? Estive em Portugal em maio do ano passado. Lá, eles viam a reforma como uma invasão brasileira. A língua é patrimônio. E não estou falando de intelectuais, é do povo. Aqui, não há esse sentido de propriedade do idioma. Houve uma aceitação mais passiva, com menos discussão".
Nem o propósito de criar um idioma único foi atingido, segundo Carlo Carrenho "É um luta inglória. Para manuais técnicos, tudo bem, mas na literatura, há muito mais do que a ortografia. Existem diferenças no vocabulário, e na estrutura gramatical escolhida." Por isso, a expectativa de ampliar-se o mercado com as possibilidades de exportação para os mercados africanos e de Portugal - apontada como uma das grandes vantagens da reformulação -não deve se concretizar.
E você, que destino acredita que terão os livros depois da reforma ortográfica?
Amigos dos livros
Site de relacionamento sobre livro reúne 10 mil usuários
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 25/02/2009
São Paulo - Ler é hábito, prazer, passatempo, informação... Foi pensando neste comportamento que o analista de sistemas Lindenberg Moreira, de 32 anos, criou o portal (Skoob) - que significa books (livros, em inglês) de trás para frente. O site é uma rede de relacionamentos na qual o que importa saber é o que os outros estão lendo. Em três meses de existência já reúne 10 mil cadastrados. “Tenho vários amigos que gostam de ler, e sempre nos reuníamos para conversar sobre literatura. Mas, como todos trabalham com internet, resolvemos levar essa discussão para a rede”, explica Moreira.
O usuário escolhe na biblioteca virtual os livros que já leu e os que quer ler e vai montando a sua estante. A partir daí, ele pode fazer resenhas e dar estrelas para os melhores títulos que estiverem disponíveis no site. Depois, vem a parte mais interessante. Como a estante de livros de cada um é pública, os outros usuários podem ver o que você está lendo, saber o que você acha de cada livro e, claro, decidir (ou não) ler o livro do outro. No final do processo, o sistema ainda informa quantos livros e o número de páginas o cadastrado já leu, em um marcador batizado como “paginômetro”.
Diferentemente do Orkut ou das redes de relacionamento pessoal, o que importa no site não são as fotos dos usuários ou para que time eles torcem, e sim o que merece ou não ser lido. O site entrou no ar no dia 1º de janeiro e tinha apenas 300 usuários e alguns poucos livros cadastrados. O sucesso foi tanto que, além dos mais de 10 mil usuários cadastrados o site já conta com 15 mil livros.
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 25/02/2009
São Paulo - Ler é hábito, prazer, passatempo, informação... Foi pensando neste comportamento que o analista de sistemas Lindenberg Moreira, de 32 anos, criou o portal (Skoob) - que significa books (livros, em inglês) de trás para frente. O site é uma rede de relacionamentos na qual o que importa saber é o que os outros estão lendo. Em três meses de existência já reúne 10 mil cadastrados. “Tenho vários amigos que gostam de ler, e sempre nos reuníamos para conversar sobre literatura. Mas, como todos trabalham com internet, resolvemos levar essa discussão para a rede”, explica Moreira.
O usuário escolhe na biblioteca virtual os livros que já leu e os que quer ler e vai montando a sua estante. A partir daí, ele pode fazer resenhas e dar estrelas para os melhores títulos que estiverem disponíveis no site. Depois, vem a parte mais interessante. Como a estante de livros de cada um é pública, os outros usuários podem ver o que você está lendo, saber o que você acha de cada livro e, claro, decidir (ou não) ler o livro do outro. No final do processo, o sistema ainda informa quantos livros e o número de páginas o cadastrado já leu, em um marcador batizado como “paginômetro”.
Diferentemente do Orkut ou das redes de relacionamento pessoal, o que importa no site não são as fotos dos usuários ou para que time eles torcem, e sim o que merece ou não ser lido. O site entrou no ar no dia 1º de janeiro e tinha apenas 300 usuários e alguns poucos livros cadastrados. O sucesso foi tanto que, além dos mais de 10 mil usuários cadastrados o site já conta com 15 mil livros.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
O nó teórico - só uma nova Ciência explica a Web
1 Comentários sexta-feira, fevereiro 20, 2009
Publicado por Paulo Barreiro de Sousa
Assunto: Ciência, Ciência da Informação, Ciências da Comunicação, Epistemologia, Internet
Hoje, apresento-vos um pequeno texto de Carlos Nepomuceno, denominado "O nó teórico - só uma nova Ciência explica a Web", o qual enquadra o desenvolvimento da Internet dentro de um movimento cíclico de mudanças. As mudanças nas tecnologias de comunicação e informação têm ciclos e são diferentes das demais, pois alteram de forma mais radical a sociedade.
Será que os paradigmas científicos de algumas das ciências mencionada são tão voláteis e sensíveis ao papel da Internet que as transformará por completo?
Será que os paradigmas científicos de algumas das ciências mencionada são tão voláteis e sensíveis ao papel da Internet que as transformará por completo?
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Rivais crescem e ameaçam Internet Explorer
0 Comentários quinta-feira, fevereiro 19, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: browser, Chrome, firefox, Internet Explorer, mecanismo de busca, Safari
Fonte: Folha de S. Paulo Online. Data: 14/02/2009.
Autor: Gustavo Villas Boas
Nunca os adversários do Internet Explorer tiveram uma fatia tão grande do mercado de navegadores -um terço- desde que o software conseguiu a hegemonia, em 2002.
Hoje, o Explorer conta com 67,55% do mercado, de acordo com a Net Applications. É muito, mas a fatia da Microsoft só caiu desde janeiro do ano passado (75,74%), enquanto as dos maiores concorrentes praticamente só cresceram.
O Firefox, da Fundação Mozilla, tinha 16,98% há um ano. Hoje tem 21,53%. O Safari, da Apple, tinha 5,82%. Hoje tem 8,29%. E existe um concorrente que, apesar de ter apenas 1,12% do mercado, não pode ser ignorado: o Chrome, que não tem nem um ano e é patrocinado pelo Google.
Para deter os competidores, a Microsoft conta com o Internet Explorer 8, a ser lançado neste ano. "O IE vai voltar a crescer. Ele é o mais seguro e com melhor performance. Não falo de ser o mais rápido para ler uma página, mas para realizar toda uma tarefa, como chegar ao resultado de um jogo", diz Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor-geral para mercado de consumo e on-line da Microsoft Brasil.
Barbosa também elogia a competição, "boa para o usuário, pois incentiva a inovação".
Mark Surman, diretor-executivo da Fundação Mozilla, concorda: "Não há dúvidas de que a competição no campo dos browsers é boa."
Surnam até elogia o Chrome, por ser de código aberto. "Quanto mais atores incentivando essa agenda, melhor para a web."
Já o diretor de comunicação do Google Brasil, Felix Ximenes, diz que a competição não é importante à empresa, apesar de "ser lógico que exista". "Tanto é que continuamos apoiando financeiramente a Fundação Mozilla", diz. "Nós observamos que as pessoas usam mais de um navegador", e foi nesse contexto que o Chrome foi desenvolvido. Segundo Ximenes, o software contempla recursos que faltavam em outros produtos. "Não é só um navegador. É uma plataforma para uma nova geração de aplicativos on-line."
Autor: Gustavo Villas Boas
Nunca os adversários do Internet Explorer tiveram uma fatia tão grande do mercado de navegadores -um terço- desde que o software conseguiu a hegemonia, em 2002.
Hoje, o Explorer conta com 67,55% do mercado, de acordo com a Net Applications. É muito, mas a fatia da Microsoft só caiu desde janeiro do ano passado (75,74%), enquanto as dos maiores concorrentes praticamente só cresceram.
O Firefox, da Fundação Mozilla, tinha 16,98% há um ano. Hoje tem 21,53%. O Safari, da Apple, tinha 5,82%. Hoje tem 8,29%. E existe um concorrente que, apesar de ter apenas 1,12% do mercado, não pode ser ignorado: o Chrome, que não tem nem um ano e é patrocinado pelo Google.
Para deter os competidores, a Microsoft conta com o Internet Explorer 8, a ser lançado neste ano. "O IE vai voltar a crescer. Ele é o mais seguro e com melhor performance. Não falo de ser o mais rápido para ler uma página, mas para realizar toda uma tarefa, como chegar ao resultado de um jogo", diz Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor-geral para mercado de consumo e on-line da Microsoft Brasil.
Barbosa também elogia a competição, "boa para o usuário, pois incentiva a inovação".
Mark Surman, diretor-executivo da Fundação Mozilla, concorda: "Não há dúvidas de que a competição no campo dos browsers é boa."
Surnam até elogia o Chrome, por ser de código aberto. "Quanto mais atores incentivando essa agenda, melhor para a web."
Já o diretor de comunicação do Google Brasil, Felix Ximenes, diz que a competição não é importante à empresa, apesar de "ser lógico que exista". "Tanto é que continuamos apoiando financeiramente a Fundação Mozilla", diz. "Nós observamos que as pessoas usam mais de um navegador", e foi nesse contexto que o Chrome foi desenvolvido. Segundo Ximenes, o software contempla recursos que faltavam em outros produtos. "Não é só um navegador. É uma plataforma para uma nova geração de aplicativos on-line."
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Bacon na Wikipedia
Verbete sobre bacon na Wikipédia é alvo constante de vandalismo
Autor: Rafael Capanema
Fonte: Folha Online. Data: 15/02/2009.
Para explicar seu funcionamento, o bacolicio.us, que coloca uma fatia virtual de bacon em cima de qualquer site, propõe que a ferramenta seja usada no artigo sobre vegetarianismo da Wikipédia em inglês (en.wikipedia.org/wiki/Vegetarianism) --o que indica certa animosidade entre fãs de bacon e pessoas que não comem carne por princípios.
O verbete em inglês sobre bacon na enciclopédia colaborativa (en.wikipedia.org/wiki/Bacon), por sua vez, é alvo constante de vandalismo e já teve que ser protegido para coibir a prática.
"Por que esse artigo? Dos milhões de artigos aqui na Wikipédia, por que bacon?", lamenta um usuário, na página de discussão, sobre as frequentes edições inapropriadas.
"Talvez sejam vegans [pessoas que não comem nenhum produto de origem animal]?", sugere outro.
"Há um meme esquisito de bacon na internet. Não sei por quê, mas essa é a razão para todo o vandalismo", arrisca um terceiro usuário.
Apesar de as suspeitas recaírem sobre os vegetarianos, a maioria dos vândalos se limita a suprimir trechos do artigo e trocá-los por uma singela frase de declaração de amor ao bacon ("Gosto muito de bacon", "Bacon é uma delícia", "Bacon é comida de Deus" etc.).
Saudável?
"Bacon é conhecido por reduzir os níveis de colesterol ruim e elevar os níveis de colesterol bom", escreve um vândalo aparentemente simpático ao alimento. E prossegue: "Além disso, especialistas apregoam que o bacon oferece muitos benefícios à saúde". O disparate ficou pouco tempo no ar, em março de 2008.
Já um vandalismo acrescentado e removido no mês passado parece ter vindo de alguém vegetariano: "Por favor, observe que bacon vem de porquinhos bonitinhos e que comê-los é muito imoral". O tom galhofeiro, porém, sugere não se tratar de um verdadeiro opositor do consumo de carne.
Autor: Rafael Capanema
Fonte: Folha Online. Data: 15/02/2009.
Para explicar seu funcionamento, o bacolicio.us, que coloca uma fatia virtual de bacon em cima de qualquer site, propõe que a ferramenta seja usada no artigo sobre vegetarianismo da Wikipédia em inglês (en.wikipedia.org/wiki/Vegetarianism) --o que indica certa animosidade entre fãs de bacon e pessoas que não comem carne por princípios.
O verbete em inglês sobre bacon na enciclopédia colaborativa (en.wikipedia.org/wiki/Bacon), por sua vez, é alvo constante de vandalismo e já teve que ser protegido para coibir a prática.
"Por que esse artigo? Dos milhões de artigos aqui na Wikipédia, por que bacon?", lamenta um usuário, na página de discussão, sobre as frequentes edições inapropriadas.
"Talvez sejam vegans [pessoas que não comem nenhum produto de origem animal]?", sugere outro.
"Há um meme esquisito de bacon na internet. Não sei por quê, mas essa é a razão para todo o vandalismo", arrisca um terceiro usuário.
Apesar de as suspeitas recaírem sobre os vegetarianos, a maioria dos vândalos se limita a suprimir trechos do artigo e trocá-los por uma singela frase de declaração de amor ao bacon ("Gosto muito de bacon", "Bacon é uma delícia", "Bacon é comida de Deus" etc.).
Saudável?
"Bacon é conhecido por reduzir os níveis de colesterol ruim e elevar os níveis de colesterol bom", escreve um vândalo aparentemente simpático ao alimento. E prossegue: "Além disso, especialistas apregoam que o bacon oferece muitos benefícios à saúde". O disparate ficou pouco tempo no ar, em março de 2008.
Já um vandalismo acrescentado e removido no mês passado parece ter vindo de alguém vegetariano: "Por favor, observe que bacon vem de porquinhos bonitinhos e que comê-los é muito imoral". O tom galhofeiro, porém, sugere não se tratar de um verdadeiro opositor do consumo de carne.
Internet é o melhor exemplo de serendipidade
0 Comentários terça-feira, fevereiro 17, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: enciclopédia, serendipidade, Wikipedia
Autor: Ethevaldo Siqueira
Data: 15/02/2009.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Serendipidade? Essa estranha palavra significa algo como sair em busca de uma coisa e descobrir outras muito mais interessantes e valiosas. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa registra serendipidade, como forma aportuguesada do inglês serendipity e a define como aptidão, faculdade ou dom de atrair coisas úteis ou de descobri-las por acaso. Serendip era o antigo nome da ilha do Ceilão (atual Sri Lanka). A palavra foi cunhada em 1754 pelo escritor inglês Horace Walpole, no conto de fadas Os três príncipes de Serendip, que sempre faziam descobertas de coisas que não procuravam.
A reportagem é de Ethevaldo Siqueira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-02-2009.
Minha última experiência de serendipidade ocorreu há duas semanas na internet, quando lia meus e-mails. Ao abrir a newsletter diária do site Slashdot.org, me deparei com a notícia da descoberta de uma técnica ultrassofisticada que poderá, talvez, levar à construção de memórias milhões de vezes mais poderosas do que as atuais, capazes de armazenar numa pastilha de alguns milímetros quadrados todo o conteúdo dos 60 milhões de livros da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
A notícia dizia que pesquisadores da Universidade de Stanford, valendo-se de um modelo de holograma quântico, conseguiram armazenar as letras "S" e "U", sob a forma de dados, codificados a uma taxa de 35 bits por elétron. Se confirmada cientificamente, essa conquista mudará radicalmente a ideia hoje corrente entre os cientistas de que a representação de dados atinge seu limite quando um átomo representa um bit.
Nesse ponto, o que me preocupava era saber o que é holograma quântico. Em minha garimpagem pela rede, logo me deparei com outra notícia de cientistas da Universidade de Maryland que conseguiram transferir informação de um átomo carregado eletricamente para outro, como numa mágica, sem cruzar o espaço de um metro que os separavam. Imagino, então, que um holograma quântico seja uma espécie de teletransporte de partículas menores do que o elétron.
Insatisfeito, prossegui na pesquisa sobre esse tipo de holografia na versão eletrônica da enciclopédia Britannica - que, aliás, nada registra sobre o assunto. Na Wikipedia (em inglês, francês e português) achei diversos artigos interessantes. Finalmente, fui ao Google e encontrei quase 6 mil referências sobre o tema. O melhor artigo que li sobre holograma quântico, no entanto, foi o do professor Renato Sabbatini, da Unicamp, no link.
Essa pesquisa sobre holograma quântico me levou ao site do astronauta norte-americano Edgar Mitchell, o sexto homem a pisar o solo lunar, que estuda o tema há mais de 30 anos. Quando retornava à Terra, Mitchell viu uma luz verde-azulada intensa que cortava o fundo negro do universo. "Aquela visão - conta o astronauta - teve o efeito de um raio que mudou minha cabeça e minha vida para sempre. Desde então, dedico todo o meu tempo e esforço a compreender a natureza metafísica do universo." (http://www.edmitchellapollo14.com/naturearticle.htm)
O SHOW DA TERRA
O leitor deve conhecer o novo Google Earth, uma ferramenta de busca surpreendente da internet hoje. Associado ao Google Maps, ele faz uma coisa admirável: transforma a Terra em um espetáculo cotidiano. Nunca pensei que um dia pudesse esquadrinhar cada cidade do mundo, aglomerados urbanos, chagas de desmatamento nas maiores florestas, comprovar a poluição marinha, rever a pequena fazenda de café e a vila de Aparecida de Monte Alto, onde passei minha infância.
Com o Google Earth, visitei dezenas de locais interessantes e famosos deste mundo e aprendi nos últimos meses mais geografia do que em todos os cursos formais que já fiz. Mergulhei no fundo dos oceanos, sobrevoei a massa de arranha-céus de Manhattan; visitei a Praça Vermelha, em Moscou; a Étoile, em Paris; o mercado de peixe de Tsukiji, em Tóquio; e o Lago Baikal, na Sibéria.
Com o Google Latitude, disponho de coordenadas terrestres em todos os mapas, o que me permite localizar pessoas via telefone celular ou GPS. O que me assusta é pensar o que será de nossa privacidade?
ENCICLOPÉDIAS
Outra forma deliciosa de serendipidade é navegar em qualquer grande enciclopédia, como a Britannica, a Larousse, a Spasa Calpe e a Wikipedia. Tenho paixão por esses repositórios do conhecimento humano.
Li na semana passada a notícia da descoberta de um pequeno erro da Wikipedia, edição alemã, na biografia do novo ministro da Economia da Alemanha, Von und zu Guttenberg, descendente do famoso inventor da imprensa. Seu nome completo é: Karl Theodor Maria Nikolaus Johann Jacob Philipp Franz Joseph Sylvester Freiherr von und zu Guttenberg. Alguém, contudo, introduziu por brincadeira, depois de Philipp, mais um nome: Wilhelm. O ministro não teve dúvida: comunicou-se logo com os grandes jornais e sites de TV alemães que haviam consultado a Wikipedia e pediu que corrigissem seu nome. E pediu que o chamassem apenas de Karl-Theodor zu Guttenberg.
Data: 15/02/2009.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Serendipidade? Essa estranha palavra significa algo como sair em busca de uma coisa e descobrir outras muito mais interessantes e valiosas. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa registra serendipidade, como forma aportuguesada do inglês serendipity e a define como aptidão, faculdade ou dom de atrair coisas úteis ou de descobri-las por acaso. Serendip era o antigo nome da ilha do Ceilão (atual Sri Lanka). A palavra foi cunhada em 1754 pelo escritor inglês Horace Walpole, no conto de fadas Os três príncipes de Serendip, que sempre faziam descobertas de coisas que não procuravam.
A reportagem é de Ethevaldo Siqueira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-02-2009.
Minha última experiência de serendipidade ocorreu há duas semanas na internet, quando lia meus e-mails. Ao abrir a newsletter diária do site Slashdot.org, me deparei com a notícia da descoberta de uma técnica ultrassofisticada que poderá, talvez, levar à construção de memórias milhões de vezes mais poderosas do que as atuais, capazes de armazenar numa pastilha de alguns milímetros quadrados todo o conteúdo dos 60 milhões de livros da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos.
A notícia dizia que pesquisadores da Universidade de Stanford, valendo-se de um modelo de holograma quântico, conseguiram armazenar as letras "S" e "U", sob a forma de dados, codificados a uma taxa de 35 bits por elétron. Se confirmada cientificamente, essa conquista mudará radicalmente a ideia hoje corrente entre os cientistas de que a representação de dados atinge seu limite quando um átomo representa um bit.
Nesse ponto, o que me preocupava era saber o que é holograma quântico. Em minha garimpagem pela rede, logo me deparei com outra notícia de cientistas da Universidade de Maryland que conseguiram transferir informação de um átomo carregado eletricamente para outro, como numa mágica, sem cruzar o espaço de um metro que os separavam. Imagino, então, que um holograma quântico seja uma espécie de teletransporte de partículas menores do que o elétron.
Insatisfeito, prossegui na pesquisa sobre esse tipo de holografia na versão eletrônica da enciclopédia Britannica - que, aliás, nada registra sobre o assunto. Na Wikipedia (em inglês, francês e português) achei diversos artigos interessantes. Finalmente, fui ao Google e encontrei quase 6 mil referências sobre o tema. O melhor artigo que li sobre holograma quântico, no entanto, foi o do professor Renato Sabbatini, da Unicamp, no link.
Essa pesquisa sobre holograma quântico me levou ao site do astronauta norte-americano Edgar Mitchell, o sexto homem a pisar o solo lunar, que estuda o tema há mais de 30 anos. Quando retornava à Terra, Mitchell viu uma luz verde-azulada intensa que cortava o fundo negro do universo. "Aquela visão - conta o astronauta - teve o efeito de um raio que mudou minha cabeça e minha vida para sempre. Desde então, dedico todo o meu tempo e esforço a compreender a natureza metafísica do universo." (http://www.edmitchellapollo14.com/naturearticle.htm)
O SHOW DA TERRA
O leitor deve conhecer o novo Google Earth, uma ferramenta de busca surpreendente da internet hoje. Associado ao Google Maps, ele faz uma coisa admirável: transforma a Terra em um espetáculo cotidiano. Nunca pensei que um dia pudesse esquadrinhar cada cidade do mundo, aglomerados urbanos, chagas de desmatamento nas maiores florestas, comprovar a poluição marinha, rever a pequena fazenda de café e a vila de Aparecida de Monte Alto, onde passei minha infância.
Com o Google Earth, visitei dezenas de locais interessantes e famosos deste mundo e aprendi nos últimos meses mais geografia do que em todos os cursos formais que já fiz. Mergulhei no fundo dos oceanos, sobrevoei a massa de arranha-céus de Manhattan; visitei a Praça Vermelha, em Moscou; a Étoile, em Paris; o mercado de peixe de Tsukiji, em Tóquio; e o Lago Baikal, na Sibéria.
Com o Google Latitude, disponho de coordenadas terrestres em todos os mapas, o que me permite localizar pessoas via telefone celular ou GPS. O que me assusta é pensar o que será de nossa privacidade?
ENCICLOPÉDIAS
Outra forma deliciosa de serendipidade é navegar em qualquer grande enciclopédia, como a Britannica, a Larousse, a Spasa Calpe e a Wikipedia. Tenho paixão por esses repositórios do conhecimento humano.
Li na semana passada a notícia da descoberta de um pequeno erro da Wikipedia, edição alemã, na biografia do novo ministro da Economia da Alemanha, Von und zu Guttenberg, descendente do famoso inventor da imprensa. Seu nome completo é: Karl Theodor Maria Nikolaus Johann Jacob Philipp Franz Joseph Sylvester Freiherr von und zu Guttenberg. Alguém, contudo, introduziu por brincadeira, depois de Philipp, mais um nome: Wilhelm. O ministro não teve dúvida: comunicou-se logo com os grandes jornais e sites de TV alemães que haviam consultado a Wikipedia e pediu que corrigissem seu nome. E pediu que o chamassem apenas de Karl-Theodor zu Guttenberg.
A vida virtual
0 Comentários terça-feira, fevereiro 17, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: CD, DVD, Mundo Virtual
A vida virtual
Autor: Ruy Castro. Data: 14/02/2009.
Fonte: Folha de S. Paulo.
O jornal impresso é uma mídia física. E, como todas as mídias físicas, corre sério perigo. Nem o tubarão australiano Rupert Murdoch quer mais "imprimir sobre árvores mortas", como ele ingratamente disse. O jornal do futuro será um celular a ser levado na palma da mão, inclusive para o banheiro, que sempre foi o melhor lugar para ler jornal.
O livro também é uma mídia física. E, como tal, igualmente está com as barbas de molho.
Para o seu lugar, já existe o (por enquanto, só nos EUA) Amazon kindle, um leitor de livros eletrônicos do estoque invisível da Amazon, a famosa loja virtual. A engenhoca "baixa" milhares de títulos, do pioneiro "Le morte d'Arthur", de 1485, ao último escritor afegão, irlandês ou africano inventado pelas editoras.
O CD também é uma mídia física, e já quase em estado ectoplásmico. Ninguém mais pensa em comprar discos. Com dois toques num aparelhinho, a música que você quer surge de uma discoteca no espaço e penetra para sempre no seu iPod, indo fazer companhia às 180 horas de música que você já armazenou e que, um dia, pretende ouvir, todas de uma vez.
E o DVD é outra mídia física em avançado estágio de decomposição. Assim como se "baixam" músicas, "baixam-se" filmes, legal ou ilegalmente -de "A Vida de Cristo", de 1904, ao último Woody Allen, que ele ainda nem terminou de filmar-, para ser vistos numa telinha de três polegadas. Se você for monoglota, o pirata "baixa" as legendas em português, e estamos conversados.
De repente, concluo que, como o jornal, o livro, o CD e o DVD, eu também sou uma mídia física. Donde, como eles, candidato à extinção. Talvez um dia me transforme num espírito puro, virtual. Mas, se puder escolher, vou preferir impuro -não sei se a vida apenas virtual tem essa graça toda.
Autor: Ruy Castro. Data: 14/02/2009.
Fonte: Folha de S. Paulo.
O jornal impresso é uma mídia física. E, como todas as mídias físicas, corre sério perigo. Nem o tubarão australiano Rupert Murdoch quer mais "imprimir sobre árvores mortas", como ele ingratamente disse. O jornal do futuro será um celular a ser levado na palma da mão, inclusive para o banheiro, que sempre foi o melhor lugar para ler jornal.
O livro também é uma mídia física. E, como tal, igualmente está com as barbas de molho.
Para o seu lugar, já existe o (por enquanto, só nos EUA) Amazon kindle, um leitor de livros eletrônicos do estoque invisível da Amazon, a famosa loja virtual. A engenhoca "baixa" milhares de títulos, do pioneiro "Le morte d'Arthur", de 1485, ao último escritor afegão, irlandês ou africano inventado pelas editoras.
O CD também é uma mídia física, e já quase em estado ectoplásmico. Ninguém mais pensa em comprar discos. Com dois toques num aparelhinho, a música que você quer surge de uma discoteca no espaço e penetra para sempre no seu iPod, indo fazer companhia às 180 horas de música que você já armazenou e que, um dia, pretende ouvir, todas de uma vez.
E o DVD é outra mídia física em avançado estágio de decomposição. Assim como se "baixam" músicas, "baixam-se" filmes, legal ou ilegalmente -de "A Vida de Cristo", de 1904, ao último Woody Allen, que ele ainda nem terminou de filmar-, para ser vistos numa telinha de três polegadas. Se você for monoglota, o pirata "baixa" as legendas em português, e estamos conversados.
De repente, concluo que, como o jornal, o livro, o CD e o DVD, eu também sou uma mídia física. Donde, como eles, candidato à extinção. Talvez um dia me transforme num espírito puro, virtual. Mas, se puder escolher, vou preferir impuro -não sei se a vida apenas virtual tem essa graça toda.
Economia do conhecimento
0 Comentários terça-feira, fevereiro 17, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: economia da informação, economia do conhecimento
Dez teses sobre a economia do conhecimento
Fonte: IHU Online. Data: 15/02/2009
O texto que segue contém algumas anotações que Franco Carlini (1944-2007), jornalista e ensaísta considerado um dos maiores especialistas italianos em Internet, havia anotado em vista de um livro que queria escrever, em colaboração com Patrizia Feletig, sobre as tendências “produtivas” na Rede. Pode ser lido também como “10 teses sobre a economia do conhecimento”, tema pelo qual Franco se apaixonou desde quando começou a participar da discussão dentro e fora da tela.
O texto foi publicado no jornal Il Manifesto, 20-01-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
* * * * *
1. No século XXI, parece, enfim, realizar-se a sociedade da informação, ou melhor, do conhecimento, mais vezes anunciada desde os anos 60. Isso ocorre por efeito conjunto da comoditização [1] dos bens materiais, da globalização e das tecnologias digitais desenvolvidas nos últimos 30 anos. O conhecimento, de simples instrumento do poder e da economia (ao serviço da inovação) se transforma, ele mesmo, em mercadoria.
2. A propriedade intelectual é um termo relativamente recente que quer transformar em direito universal e eterno, até mesmo natural, algumas formas históricas de proteção e incentivo à criatividade como copyright, patentes, marcas. O objetivo é criar uma escassez artificial, na qual, pela própria natureza do conhecimento, haja, pelo contrário, abundância. Essa estratégia de curta duração é experimentada pelas multinacionais dos saberes, mas corre o risco de frear a inovação técnica e social. Em todo o caso, está gerando contra-tendências e conflitos sadios.
3. Essa substituição do valor pelos bens imateriais é tanto favorecida quanto contestada pela revolução Internet. Ela é filha de tecnologias e regras “abertas” e produziu, sem que ninguém pudesse prever, uma não "market networked economy" (economia de mercado não-interconectada), com práticas e culturas diversas com relação tanto à economia de mercado quanto a de estado. O elemento caracterizador é a cooperação desde o momento da produção do conhecimento.
4. Para muitos, a cooperação é um mistério, até mesmo um erro do ponto de vista do utilitarismo e das versões vulgares do darwinismo. Pelo contrário, não há nada de misterioso, porque ela é o fundamento de todo sistema complexo. Diversos modelos foram propostos para explicar a insurgência e a perpetuação da cooperação nas sociedades humanas.
5. O utilitarismo, durante ao menos dois séculos, surgiu como a explicação dos comportamentos individuais e também como um manifesto programático para a sociedade e a economia, procurando suporte também no darwinismo. Ele apresenta tanto aspectos descritivos (do comportamento individual), quanto filosóficos (sobre a natureza do homem) e também prescritivos-programáticos. Na tentativa de manter um status culturalmente hegemônico a respeito dele, tentou-se, sem muito sucesso, compreender nele também a cooperação e o altruísmo.
6. Em apoio ao utilitarismo, a teoria do “homo oeconomicus” também teve um papel, ou seja, do decisor racional, um modelo cujos limites são evidentes há muito tempo. Para salvá-lo, avançou-se sobre a hipótese da racionalidade limitada, tratando os desvios do modelo como exceções que, porém, não o colocam em discussão. A economia experimental confirma que não se trata de erros. As ciências do cérebro indicam que os circuitos do pensamento lógicos e das emoções estão estritamente associados. A dicotomia entre os dois aspectos já é insustentável e deveria ser definitivamente abandonada.
7. Ainda mais inexplicáveis ao individualismo utilitarista são os comportamentos de altruísmo extremo e as práticas do dom. Longe de serem resíduos do passado ou confinados ao âmbito familiar, delineiam uma economia (se assim se quer chamá-la) cujos outputs são bens relacionais. O altruísmo da espécie humana é, verdadeiramente, como demonstra a literatura recente, um mistério que deve ser explicado, uma exceção com relação à natureza humana (e das sociedades humanas) que seriam intrinsecamente egoístas e utilitaristas? Nessa visão, o altruísmo apresenta-se como um remédio voluntarista, para a correção do mal intrínseco, um valor sobreposto à natureza egoísta, ao pecado original. Ou uma correção das falências do mercado.
8. O dom é insolente. O dom é dissipação. O dom é subversivo. O dom demonstra que o homem possui faculdades superiores à racionalidade. Porque, como defendia Blaise Pascal, o coração tem as suas razões que a razão desconhece. E justamente como todo transgressor, o dom é fascinante, porque cria tumulto, provoca rupturas, alimenta contestação.
9. Por sua vez, os bens relacionais estão na base das teorias da felicidade. Campo de pesquisa relativamente recente, assume os passos de um outro paradoxo que tal não é: a riqueza é, em certa medida, desprendida da felicidade, seja em escala individual ou coletiva.
10. Aqui, o círculo se fecha. As relações, o diálogo, as conversas, até mesmo a fofoca, são o fluido que anima a rede Internet. Geralmente, são produzidas peer to peer, compartilhadas com estranhos, e geram conhecimento global, que, por existir e crescer, deve se mover em círculo, em rede, como as inúmeras conchas das [Ilhas] Trobriand. O conhecimento como dom, não divino, mas da humanidade a si mesma. Alguns fatos e tendência permitem acreditar nisso.
Notas:
1. Por comoditização, entende-se a dificuldade cada vez maior que um produto tem para se diferenciar de outro, tanto do ponto de vista técnico quanto utilitário. Os produtos estão cada vez mais parecidos, similares, e a profusão de marcas e fabricantes amplia-se sempre mais.
Fonte: IHU Online. Data: 15/02/2009
O texto que segue contém algumas anotações que Franco Carlini (1944-2007), jornalista e ensaísta considerado um dos maiores especialistas italianos em Internet, havia anotado em vista de um livro que queria escrever, em colaboração com Patrizia Feletig, sobre as tendências “produtivas” na Rede. Pode ser lido também como “10 teses sobre a economia do conhecimento”, tema pelo qual Franco se apaixonou desde quando começou a participar da discussão dentro e fora da tela.
O texto foi publicado no jornal Il Manifesto, 20-01-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
* * * * *
1. No século XXI, parece, enfim, realizar-se a sociedade da informação, ou melhor, do conhecimento, mais vezes anunciada desde os anos 60. Isso ocorre por efeito conjunto da comoditização [1] dos bens materiais, da globalização e das tecnologias digitais desenvolvidas nos últimos 30 anos. O conhecimento, de simples instrumento do poder e da economia (ao serviço da inovação) se transforma, ele mesmo, em mercadoria.
2. A propriedade intelectual é um termo relativamente recente que quer transformar em direito universal e eterno, até mesmo natural, algumas formas históricas de proteção e incentivo à criatividade como copyright, patentes, marcas. O objetivo é criar uma escassez artificial, na qual, pela própria natureza do conhecimento, haja, pelo contrário, abundância. Essa estratégia de curta duração é experimentada pelas multinacionais dos saberes, mas corre o risco de frear a inovação técnica e social. Em todo o caso, está gerando contra-tendências e conflitos sadios.
3. Essa substituição do valor pelos bens imateriais é tanto favorecida quanto contestada pela revolução Internet. Ela é filha de tecnologias e regras “abertas” e produziu, sem que ninguém pudesse prever, uma não "market networked economy" (economia de mercado não-interconectada), com práticas e culturas diversas com relação tanto à economia de mercado quanto a de estado. O elemento caracterizador é a cooperação desde o momento da produção do conhecimento.
4. Para muitos, a cooperação é um mistério, até mesmo um erro do ponto de vista do utilitarismo e das versões vulgares do darwinismo. Pelo contrário, não há nada de misterioso, porque ela é o fundamento de todo sistema complexo. Diversos modelos foram propostos para explicar a insurgência e a perpetuação da cooperação nas sociedades humanas.
5. O utilitarismo, durante ao menos dois séculos, surgiu como a explicação dos comportamentos individuais e também como um manifesto programático para a sociedade e a economia, procurando suporte também no darwinismo. Ele apresenta tanto aspectos descritivos (do comportamento individual), quanto filosóficos (sobre a natureza do homem) e também prescritivos-programáticos. Na tentativa de manter um status culturalmente hegemônico a respeito dele, tentou-se, sem muito sucesso, compreender nele também a cooperação e o altruísmo.
6. Em apoio ao utilitarismo, a teoria do “homo oeconomicus” também teve um papel, ou seja, do decisor racional, um modelo cujos limites são evidentes há muito tempo. Para salvá-lo, avançou-se sobre a hipótese da racionalidade limitada, tratando os desvios do modelo como exceções que, porém, não o colocam em discussão. A economia experimental confirma que não se trata de erros. As ciências do cérebro indicam que os circuitos do pensamento lógicos e das emoções estão estritamente associados. A dicotomia entre os dois aspectos já é insustentável e deveria ser definitivamente abandonada.
7. Ainda mais inexplicáveis ao individualismo utilitarista são os comportamentos de altruísmo extremo e as práticas do dom. Longe de serem resíduos do passado ou confinados ao âmbito familiar, delineiam uma economia (se assim se quer chamá-la) cujos outputs são bens relacionais. O altruísmo da espécie humana é, verdadeiramente, como demonstra a literatura recente, um mistério que deve ser explicado, uma exceção com relação à natureza humana (e das sociedades humanas) que seriam intrinsecamente egoístas e utilitaristas? Nessa visão, o altruísmo apresenta-se como um remédio voluntarista, para a correção do mal intrínseco, um valor sobreposto à natureza egoísta, ao pecado original. Ou uma correção das falências do mercado.
8. O dom é insolente. O dom é dissipação. O dom é subversivo. O dom demonstra que o homem possui faculdades superiores à racionalidade. Porque, como defendia Blaise Pascal, o coração tem as suas razões que a razão desconhece. E justamente como todo transgressor, o dom é fascinante, porque cria tumulto, provoca rupturas, alimenta contestação.
9. Por sua vez, os bens relacionais estão na base das teorias da felicidade. Campo de pesquisa relativamente recente, assume os passos de um outro paradoxo que tal não é: a riqueza é, em certa medida, desprendida da felicidade, seja em escala individual ou coletiva.
10. Aqui, o círculo se fecha. As relações, o diálogo, as conversas, até mesmo a fofoca, são o fluido que anima a rede Internet. Geralmente, são produzidas peer to peer, compartilhadas com estranhos, e geram conhecimento global, que, por existir e crescer, deve se mover em círculo, em rede, como as inúmeras conchas das [Ilhas] Trobriand. O conhecimento como dom, não divino, mas da humanidade a si mesma. Alguns fatos e tendência permitem acreditar nisso.
Notas:
1. Por comoditização, entende-se a dificuldade cada vez maior que um produto tem para se diferenciar de outro, tanto do ponto de vista técnico quanto utilitário. Os produtos estão cada vez mais parecidos, similares, e a profusão de marcas e fabricantes amplia-se sempre mais.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Associações de bibliotecários na África
0 Comentários domingo, fevereiro 15, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: África, Angola, associação de bibliotecário, Moçambique
MESA REDONDA
“O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS E PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO NA VALORIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PROFISSÃO EM ÁFRICA”.
Realizou-se no dia 12 de Fevereiro de 2009, em Luanda, no Anfiteatro do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Engenharia da UAN, a Mesa Redonda sob o lema “O Papel das Associações de Bibliotecários e Profissionais da Informação na Valorização e Desenvolvimento da Profissão em África”.
A mesa Redonda foi organizada pela Biblioteca Nacional de Angola, em parceria com a universidade Agostinho Neto e apoios do Ministério da Cultura da República de Angola, da Embaixada dos Estados Unidos de América em Angola e o apoio institucional da Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Instituições (IFLA).
Neste evento, cuja sessão de abertura foi presidida por Sua Excelência Senhor Vice-Ministro da Cultura da República de Angola, Dr. Luís Kandjimbo, em representação de sua Excelência Senhora Ministra da Cultura, participaram membros do Comité Permanente da Secção África da IFLA, dos seguintes países: Maria José Ramos (Angola), Alim Garga (Camarões), Aíssa Issak (Moçambique), Ellen Namhila (Namíbia), James Daniel (Nigéria), Victoria Okojie (Nigéria) e Naomi Haasbroek (África do Sul); da Gestora Regional da IFLA para África, da Sra. Carol Brey-Casiano, Membro da Associação de Bibliotecários Americanos e Presidente desta associação entre 2004-2005, além de responsáveis, técnicos e profissionais de unidades de informação angolanas.
Durante a mesa redonda foram apresentadas as seguintes comunicações:
“The Role of The LIS Associations in the Development of the Profession in Africa”, por James Daniel- Presidente da Associação de Bibliotecários da África Ocidental (WALA);
“IFLA Africa Seccion”, por Lindile Nhlapo- Gestora Regional da Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Instituições (IFLA) para África;
“La Asociación Bibliotecaria: Ayuda para nuestra profesión”, por Carol Brey-Casiano - Presidente 2004-2005 da Associação de Bibliotecários Americanos (ALA);
Associações de Bibliotecários e Profissionais de Informação nos PALOP: Porquê e Para Quê?, por Aíssa Mithá Issak – Bibliotecária da Universidade Politécnica de Maputo, Moçambique;
“A Criação da D.A.B.A., sua existência e as causas do seu desmembramento”, por Alexandra Aparício, Directora Geral do Arquivo Histórico de Angola e Membro da D.A.B.A.
Tendo os participantes, após os debates, chegado, entre outras as seguintes conclusões e recomentações:
As associações de bibliotecários e profissionais da informação:
1. São organismos essenciais para proporcionar o desenvolvimento, promover e melhorar os serviços informativos da biblioteca e da profissão;
2. São espaços para encontros, troca de informações e experiências e para concertação de acções para enfrentar os desafios profissionais de forma colectiva;
3. Podem ter nas suas agendas questões como:
- Definição de carreiras profissionais,
- Acreditação de cursos,
- Reconhecimento de qualificações académicas e,
- Outros aspectos ligados à valorização e desenvolvimento profissional.
4. Devem garantir entre outras:
- o desenvolvimento de uma rede de profissionais,
- a capacitação profissional,
- o apoio organizacional para os bibliotecários e profissionais de informação,
- o desenvolvimento de um conjunto de normas, guias e outros instrumentos orientadores para o exercício da profissão.
5. Devem funcionar sob os princípios da democracia, da ética e do respeito mútuo;
6. Dependem exclusivamente dos seus membros e da sua vontade de as tornar eficientes para serem bem sucedidas.
Os participantes a mesa redonda reafirmaram a importância das associações de bibliotecários e profissionais da informação para promoção e desenvolvimento da profissão em África e recomendaram o seguinte:
Melhoria da comunicação e o intercâmbio entre os profissionais angolanos, africanos e de outras partes do mundo;
Adesão dos bibliotecários e profissionais da informação angolanos e dos PALOP a IFLA e maior envolvimento destes nas actividades da federação;
Criação urgente de associações de bibliotecários e profissionais da informação nos PALOP, visando o desenvolvimento de organismos fortes e com voz colectiva para o desenvolvimento da profissão e defesa dos interesses da classe nestes países;
A revitalização da DABA, tendo sido criada uma comissão constituída por onze elementos que deverá reunir nos próximos 30 dias com vista a dinamizar o processo da reactivação da mesma.
Os membros do Comité Permanente da Secção África da IFLA, saudaram o Governo Angolano pelo apoio aos profissionais da Informação e pelo acolhimento da sua Reunião Anual de 2009, em Luanda.
A Sessão de encerramento foi presidida pelo Magnífico Reitor da UAN e contou com a presença de directores do Ministério da Cultura da República de Angola.
BIBLIOTECA NACIONAL DE ANGOLA, em Luanda, aos 13 de Fevereiro de 2009.
“O PAPEL DAS ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS E PROFISSIONAIS DA INFORMAÇÃO NA VALORIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA PROFISSÃO EM ÁFRICA”.
Realizou-se no dia 12 de Fevereiro de 2009, em Luanda, no Anfiteatro do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Engenharia da UAN, a Mesa Redonda sob o lema “O Papel das Associações de Bibliotecários e Profissionais da Informação na Valorização e Desenvolvimento da Profissão em África”.
A mesa Redonda foi organizada pela Biblioteca Nacional de Angola, em parceria com a universidade Agostinho Neto e apoios do Ministério da Cultura da República de Angola, da Embaixada dos Estados Unidos de América em Angola e o apoio institucional da Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Instituições (IFLA).
Neste evento, cuja sessão de abertura foi presidida por Sua Excelência Senhor Vice-Ministro da Cultura da República de Angola, Dr. Luís Kandjimbo, em representação de sua Excelência Senhora Ministra da Cultura, participaram membros do Comité Permanente da Secção África da IFLA, dos seguintes países: Maria José Ramos (Angola), Alim Garga (Camarões), Aíssa Issak (Moçambique), Ellen Namhila (Namíbia), James Daniel (Nigéria), Victoria Okojie (Nigéria) e Naomi Haasbroek (África do Sul); da Gestora Regional da IFLA para África, da Sra. Carol Brey-Casiano, Membro da Associação de Bibliotecários Americanos e Presidente desta associação entre 2004-2005, além de responsáveis, técnicos e profissionais de unidades de informação angolanas.
Durante a mesa redonda foram apresentadas as seguintes comunicações:
“The Role of The LIS Associations in the Development of the Profession in Africa”, por James Daniel- Presidente da Associação de Bibliotecários da África Ocidental (WALA);
“IFLA Africa Seccion”, por Lindile Nhlapo- Gestora Regional da Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Instituições (IFLA) para África;
“La Asociación Bibliotecaria: Ayuda para nuestra profesión”, por Carol Brey-Casiano - Presidente 2004-2005 da Associação de Bibliotecários Americanos (ALA);
Associações de Bibliotecários e Profissionais de Informação nos PALOP: Porquê e Para Quê?, por Aíssa Mithá Issak – Bibliotecária da Universidade Politécnica de Maputo, Moçambique;
“A Criação da D.A.B.A., sua existência e as causas do seu desmembramento”, por Alexandra Aparício, Directora Geral do Arquivo Histórico de Angola e Membro da D.A.B.A.
Tendo os participantes, após os debates, chegado, entre outras as seguintes conclusões e recomentações:
As associações de bibliotecários e profissionais da informação:
1. São organismos essenciais para proporcionar o desenvolvimento, promover e melhorar os serviços informativos da biblioteca e da profissão;
2. São espaços para encontros, troca de informações e experiências e para concertação de acções para enfrentar os desafios profissionais de forma colectiva;
3. Podem ter nas suas agendas questões como:
- Definição de carreiras profissionais,
- Acreditação de cursos,
- Reconhecimento de qualificações académicas e,
- Outros aspectos ligados à valorização e desenvolvimento profissional.
4. Devem garantir entre outras:
- o desenvolvimento de uma rede de profissionais,
- a capacitação profissional,
- o apoio organizacional para os bibliotecários e profissionais de informação,
- o desenvolvimento de um conjunto de normas, guias e outros instrumentos orientadores para o exercício da profissão.
5. Devem funcionar sob os princípios da democracia, da ética e do respeito mútuo;
6. Dependem exclusivamente dos seus membros e da sua vontade de as tornar eficientes para serem bem sucedidas.
Os participantes a mesa redonda reafirmaram a importância das associações de bibliotecários e profissionais da informação para promoção e desenvolvimento da profissão em África e recomendaram o seguinte:
Melhoria da comunicação e o intercâmbio entre os profissionais angolanos, africanos e de outras partes do mundo;
Adesão dos bibliotecários e profissionais da informação angolanos e dos PALOP a IFLA e maior envolvimento destes nas actividades da federação;
Criação urgente de associações de bibliotecários e profissionais da informação nos PALOP, visando o desenvolvimento de organismos fortes e com voz colectiva para o desenvolvimento da profissão e defesa dos interesses da classe nestes países;
A revitalização da DABA, tendo sido criada uma comissão constituída por onze elementos que deverá reunir nos próximos 30 dias com vista a dinamizar o processo da reactivação da mesma.
Os membros do Comité Permanente da Secção África da IFLA, saudaram o Governo Angolano pelo apoio aos profissionais da Informação e pelo acolhimento da sua Reunião Anual de 2009, em Luanda.
A Sessão de encerramento foi presidida pelo Magnífico Reitor da UAN e contou com a presença de directores do Ministério da Cultura da República de Angola.
BIBLIOTECA NACIONAL DE ANGOLA, em Luanda, aos 13 de Fevereiro de 2009.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
O portal Bibliovagas disponibiliza oportunidades de emprego e de estágio para os profissionais da informação
1 Comentários sexta-feira, fevereiro 13, 2009
Publicado por Paulo Barreiro de Sousa
Assunto: Arquivista, bibliotecário, Ciência da Informação, Emprego, formação
O portal Bibliovagas tem por objectivo publicar oportunidades de emprego, estágio e divulgação de concursos para os profissionais da informação (Bibliotecário, Arquivista, Museólogo e Cientista da Informação).O Bibliovagas foi criado por Fernanda Guilhon em 2003, sendo acompanhada pelo bibliotecário Nelson Silva e pelo auxiliar de biblioteca Marcos Girardi. Este é um trabalho voluntário, no qual se pretende a difusão da nossa profissão, sendo também, um espaço para debates, registo de opiniões e produção sobre o mercado de trabalho!
Paralelamente, também podem consultar o blogue Espaço Bibliovagas.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Parabéns, Charles Darwin!
1 Comentários quinta-feira, fevereiro 12, 2009
Publicado por Paulo Barreiro de Sousa
Assunto: Biblioteca da FEUP, Charles Darwin, Ciência, Evento, FEUP, Teoria
Hoje, 12 de Fevereiro, assinala-se o bicentenário do nascimento de Charles Darwin. A sua teoria evolucionista, pelo alcance extremamente actual, teve repercussões na forma como nos dias de hoje se debatem e investigam questões relacionadas com a sobrevivência da espécie humana.
A Biblioteca da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto sugere leituras e iniciativas culturais que lhe permitirão acompanhar as comemorações do ano Darwin. Conheça o website temático desenvolvido para o efeito.
Parabéns pela iniciativa!
A Biblioteca da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto sugere leituras e iniciativas culturais que lhe permitirão acompanhar as comemorações do ano Darwin. Conheça o website temático desenvolvido para o efeito.
Parabéns pela iniciativa!
Web semântica
Acaba de ser republicado na revista Scientific American um artigo que aborda os avanços na área da web semântica; inclui também um glossário e hipervínculos para inúmeros sítios especializados. O documento pode ser encontrado no URL:
http://www.sciam.com/article.cfm?id=semantic-web-in-actio
Murilo Cunha
http://www.sciam.com/article.cfm?id=semantic-web-in-actio
Murilo Cunha
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Kindle 2 da Amazon
0 Comentários terça-feira, fevereiro 10, 2009
Publicado por Nuno de Matos
Assunto: comércio livreiro, eBooks
A Amazon já apresentou a segunda geração do leitor de livros electrónicos Kindle. O novo modelo é mais fino, tem mais capacidade de armazenamento (dá para 1500 livros) e consegue virar as páginas de forma mais rápida.
A Amazon continua a direccionar o Kindle para um público-alvo mais endinheirado. Por isso, o preço de 359 dólares (cerca de 276 euros) torna o Kindle só ao alcance de alguns.
“A nossa visão é que qualquer um dos livros que exista em formato impresso, em qualquer idioma, possa estar disponível em 60 segundos”, disse o CEO da Amazon, Jeff Bezos, na apresentação do Kindle, em Nova Iorque.
O leitor de livros electrónicos vai estar à venda a partir de dia 24 e pode ser encontrado na sua página oficial. Nessa página também pode ver um vídeo sobre a nova versão do Kindke.
A Amazon continua a direccionar o Kindle para um público-alvo mais endinheirado. Por isso, o preço de 359 dólares (cerca de 276 euros) torna o Kindle só ao alcance de alguns.
“A nossa visão é que qualquer um dos livros que exista em formato impresso, em qualquer idioma, possa estar disponível em 60 segundos”, disse o CEO da Amazon, Jeff Bezos, na apresentação do Kindle, em Nova Iorque.
O leitor de livros electrónicos vai estar à venda a partir de dia 24 e pode ser encontrado na sua página oficial. Nessa página também pode ver um vídeo sobre a nova versão do Kindke.
Notícia da Exame Informática
Veja mais informação sobre o Kindle 2
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Adolescentes portugueses consomem menos cannabis devido à internet
0 Comentários domingo, fevereiro 08, 2009
Publicado por Paulo Barreiro de Sousa
Assunto: Cannabis, comportamento informacional, Internet
O consumo de canabis por adolescentes de 15 anos está a diminuir em quase toda a Europa, incluindo Portugal, porque os jovens estão a sair menos à noite devido à Internet, conclui um estudo da Universidade de Lausane, Suíça.
A investigação, publicada na revista «Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine» e divulgada hoje pelo site do jornal espanhol El Mundo, abrangeu 93 mil jovens em 31 países e concluiu que o consumo desta droga leve entre os jovens de 15 anos de idade diminuiu em quase todo o continente europeu entre 2002 e 2006 "porque os jovens hoje saem menos do que antes".
Aceda à notícia completa em: Ciência Hoje
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
E-books: especialista diz que crise fará autores assumirem a edição
0 Comentários sexta-feira, fevereiro 06, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: e-book, livro eletrônico
Fonte: Jornal do Brasil Online. Data: 6/2/2009
URL: http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/02/06/e06029617.asp
Autor: Cláudio Soares
RIO - De segunda-feira a sábado, tem lugar em Nova York a terceira Tools of Change for Publishing Conference, encontro em que são debatidas as ferramentas tecnológicas que estão mudando o setor editorial americano – e, é claro, do mundo. Mark Coker, fundador de uma das principais empresas de autopublicação de escritores independentes do Vale do Silício, a Smashwords, é uma das estrelas do evento, no qual coordenará o painel “The Rise of E-books”. Nesta entrevista, ele fala sobre a mudança de postura que o crescimento dos livros eletrônicos, comprovado por pesquisas recentes nos Estados Unidos, deve provocar em editoras e escritores.
De acordo com pesquisa publicada pela American Association of Publishers [AAP], os e-books ascenderam novamente, gerando crescimento anual nas vendas de 55% entre 2002 e 2007, versus o anêmico crescimento no comércio global de livros, de apenas 2,5%. Segundo o International Digital Publishing Forum [IDPF], a venda de e-books nos Estados Unidos cresceu 108% em novembro, enquanto as vendas globais da indústria diminuíram. O que representa esse aumento de interesse nos e-books, e como eles cabem nas estratégias para edição digital?
Dez anos atrás, havia uma grande agitação a respeito de como e-books mudariam o mundo. Mas eles falharam no cumprimento de tais expectativas e foram considerados um fracasso. Falharam por diversas razões: primeiro, foram penalizados por usarem esquemas de Digital Rights Management [DRM, ou Gerenciamento de Direitos Digitais] para evitar cópia ilegal. Clientes odeiam o DRM, por tratá-los como criminosos e limitarem a sua capacidade para usufruir dos livros. Em segundo lugar, a tecnologia das telas ainda não estava suficientemente avançada para oferecer uma experiência agradável de leitura. Além disso, os preços eram demasiado elevados. Os editores tentavam cobrar por um livro digital o mesmo preço de livros impressos de capa dura. Por último, havia disponibilidade limitada de conteúdo. Hoje, começamos a ver esses problemas resolvidos ou melhorados. Editores que pensam à frente começam a dispensar o DRM, mas ainda temos um longo caminho pela frente. A tecnologia das telas melhorou drasticamente em todos os dispositivos, incluindo os leitores dedicados aos e-books, como Kindle e Sony Reader, os telefones inteligentes, como o iPhone, e os computadores pessoais de baixo custo. Os preços caíram, mas ainda precisamos de mais progressos. Por isso, é claro, a quantidade de conteúdos disponíveis no em e-books está explodindo.
Em seu artigo 'A ascenção dos e-books', publicado no final de janeiro no Teleread.org [blog dedicado aos e-books, bibliotecas digitais e tópicos relacionados], o senhor afirmou que os autores precisam começar a expor os seus livros nos domínios digitais. Por que isso é tão importante?
A indústria editorial passa por uma dramática mudança, especialmente nos EUA. A desaceleração econômica mundial tem exacerbado os problemas estruturais fundamentais que já existem há muitos anos. Como resultado, do lado dos editores, provavelmente veremos uma maior fusão entre as empresas (haverá poucas grandes), menos editores se expondo a grandes riscos com autores desconhecidos, e primeiras tiragens menores. Do lado da distribuição e vendas, veremos uma consolidação maior entre as livrarias, o que nos Estados Unidos significará menos lojas e menos prateleiras exibindo livros impressos. À medida que os e-books começarem a representar um aumento percentual nas vendas, é possível que isso aconteça à custa da venda de livros impressos. Mesmo se um, dois ou três pontos percentuais de vendas de impressos passem para os livros eletrônicos, as livrarias sentirão um impacto muito grande sobre os seus negócios, porque muitas lojas já estão lutando para manter o lucro. Entretanto, ainda não entendemos bem o impacto que os livros eletrônicos terão sobre os impressos. Se por um lado é possível que os e-books canibalizem as vendas dos impressos, também é possível que o efeito líquido seja que as vendas dos e-books ajudem a impulsionar as vendas de livros impressos, à medida que os leitores desejem adicionar edições impressas às suas bibliotecas. Tais mudanças terão um impacto dramático sobre os autores. Estamos prestes a ver muitos escritores talentosos ficarem órfãos de editores. Veremos também ser negada a estreantes talentosos a oportunidade de publicar em formato impresso nas principais editoras. Os blogs oferecem um roteiro útil para o que poderá acontecer com a autoria de livros digitais. Muitos dos primeiros blogueiros de cinco a dez anos atrás agora estão entre os mais populares da internet. O mesmo acontecerá com os autores.
Como é que os e-books socialmente publicados resolvem o problema dos custos dos livros?
– Livros impressos são um luxo caro, menos para os habitantes literatos mais ricos do mundo. Quando você olha a tradicional cadeia de abastecimento para um livro impresso, vários intermediários adicionam custos para o livro à medida que este faz o seu caminho do autor ao leitor. Muitos livros seguem o fluxo autor-agente-editora-gráfica-distribuidor-livreiro-cliente e, em seguida, há o custo do transporte de todos esses livros-feitos-de-árvores-mortas para frente e para trás. Quando um autor autopublica seu livro em formato digital, gera um colapso dramático na tradicional cadeia de abastecimento. Em muitos casos, a nova cadeia torna-se autor-cliente ou autor-livraria on-line-cliente ou, ainda, autor-distribuidora on-line-livraria on-line-cliente e, desde que bits e bytes digitais custam praticamente nada para serem enviados pela internet, grande parte do custo do livro é eliminado. Isso significa que autores de e-books autopublicados podem oferecer seus livros a um custo drasticamente menor por cópia, enquanto fazem um lucro maior por unidade. E quando o preço de qualquer coisa diminui, significa que o produto é comprável por um leque maior de clientes.
Que novas práticas comerciais os editores tradicionais deveriam adotar?
– Os editores precisam digitalizar rapidamente os seus catálogos, derrubar o DRM e adotar estruturas de preços mais razoáveis para seus livros digitais. Devem experimentar diferentes metodologias de venda digital. Podem considerar a oferta de assinaturas de seus catálogos, ou subgrupos de catálogos, ou ofertas de pacotes, ou combinar seus livros impressos com e-books. Há todo um número de permutações possíveis. É importante que os editores comecem a experimentar agora a ver o que funciona melhor para os seus negócios, seus autores e clientes.
Na indústria da música, temos visto um grande movimento em direção aos artistas indie que alavancam a democratizar a produção, comercialização e venda de música na internet. Isso começa a aparecer no mercado de livros. O que essa tendência pode significar para as editoras tradicionais?
– A maioria dos autores foi treinada para acreditar que o melhor método de publicação é com uma editora tradicional. Admiro o inestimável papel dos editores de encontrar os melhores autores, cuidar deles e viabilizar sua distribuição. No entanto, com os novos desafios, elas estão sendo menos capazes de investir neste serviço. Isso significa que alguns autores talentosos serão marginalizados. Um número crescente de autores percebe que o ônus da publicidade do livro está caindo sobre seus ombros. À medida que as editoras passem essa responsabilidade para os autores, estes vão começar a perceber que podem se tornar seus próprios editores.
*Escritor, analista de TI e editor do Pontolit(www.pontolit.com.br)
URL: http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/02/06/e06029617.asp
Autor: Cláudio Soares
RIO - De segunda-feira a sábado, tem lugar em Nova York a terceira Tools of Change for Publishing Conference, encontro em que são debatidas as ferramentas tecnológicas que estão mudando o setor editorial americano – e, é claro, do mundo. Mark Coker, fundador de uma das principais empresas de autopublicação de escritores independentes do Vale do Silício, a Smashwords, é uma das estrelas do evento, no qual coordenará o painel “The Rise of E-books”. Nesta entrevista, ele fala sobre a mudança de postura que o crescimento dos livros eletrônicos, comprovado por pesquisas recentes nos Estados Unidos, deve provocar em editoras e escritores.
De acordo com pesquisa publicada pela American Association of Publishers [AAP], os e-books ascenderam novamente, gerando crescimento anual nas vendas de 55% entre 2002 e 2007, versus o anêmico crescimento no comércio global de livros, de apenas 2,5%. Segundo o International Digital Publishing Forum [IDPF], a venda de e-books nos Estados Unidos cresceu 108% em novembro, enquanto as vendas globais da indústria diminuíram. O que representa esse aumento de interesse nos e-books, e como eles cabem nas estratégias para edição digital?
Dez anos atrás, havia uma grande agitação a respeito de como e-books mudariam o mundo. Mas eles falharam no cumprimento de tais expectativas e foram considerados um fracasso. Falharam por diversas razões: primeiro, foram penalizados por usarem esquemas de Digital Rights Management [DRM, ou Gerenciamento de Direitos Digitais] para evitar cópia ilegal. Clientes odeiam o DRM, por tratá-los como criminosos e limitarem a sua capacidade para usufruir dos livros. Em segundo lugar, a tecnologia das telas ainda não estava suficientemente avançada para oferecer uma experiência agradável de leitura. Além disso, os preços eram demasiado elevados. Os editores tentavam cobrar por um livro digital o mesmo preço de livros impressos de capa dura. Por último, havia disponibilidade limitada de conteúdo. Hoje, começamos a ver esses problemas resolvidos ou melhorados. Editores que pensam à frente começam a dispensar o DRM, mas ainda temos um longo caminho pela frente. A tecnologia das telas melhorou drasticamente em todos os dispositivos, incluindo os leitores dedicados aos e-books, como Kindle e Sony Reader, os telefones inteligentes, como o iPhone, e os computadores pessoais de baixo custo. Os preços caíram, mas ainda precisamos de mais progressos. Por isso, é claro, a quantidade de conteúdos disponíveis no em e-books está explodindo.
Em seu artigo 'A ascenção dos e-books', publicado no final de janeiro no Teleread.org [blog dedicado aos e-books, bibliotecas digitais e tópicos relacionados], o senhor afirmou que os autores precisam começar a expor os seus livros nos domínios digitais. Por que isso é tão importante?
A indústria editorial passa por uma dramática mudança, especialmente nos EUA. A desaceleração econômica mundial tem exacerbado os problemas estruturais fundamentais que já existem há muitos anos. Como resultado, do lado dos editores, provavelmente veremos uma maior fusão entre as empresas (haverá poucas grandes), menos editores se expondo a grandes riscos com autores desconhecidos, e primeiras tiragens menores. Do lado da distribuição e vendas, veremos uma consolidação maior entre as livrarias, o que nos Estados Unidos significará menos lojas e menos prateleiras exibindo livros impressos. À medida que os e-books começarem a representar um aumento percentual nas vendas, é possível que isso aconteça à custa da venda de livros impressos. Mesmo se um, dois ou três pontos percentuais de vendas de impressos passem para os livros eletrônicos, as livrarias sentirão um impacto muito grande sobre os seus negócios, porque muitas lojas já estão lutando para manter o lucro. Entretanto, ainda não entendemos bem o impacto que os livros eletrônicos terão sobre os impressos. Se por um lado é possível que os e-books canibalizem as vendas dos impressos, também é possível que o efeito líquido seja que as vendas dos e-books ajudem a impulsionar as vendas de livros impressos, à medida que os leitores desejem adicionar edições impressas às suas bibliotecas. Tais mudanças terão um impacto dramático sobre os autores. Estamos prestes a ver muitos escritores talentosos ficarem órfãos de editores. Veremos também ser negada a estreantes talentosos a oportunidade de publicar em formato impresso nas principais editoras. Os blogs oferecem um roteiro útil para o que poderá acontecer com a autoria de livros digitais. Muitos dos primeiros blogueiros de cinco a dez anos atrás agora estão entre os mais populares da internet. O mesmo acontecerá com os autores.
Como é que os e-books socialmente publicados resolvem o problema dos custos dos livros?
– Livros impressos são um luxo caro, menos para os habitantes literatos mais ricos do mundo. Quando você olha a tradicional cadeia de abastecimento para um livro impresso, vários intermediários adicionam custos para o livro à medida que este faz o seu caminho do autor ao leitor. Muitos livros seguem o fluxo autor-agente-editora-gráfica-distribuidor-livreiro-cliente e, em seguida, há o custo do transporte de todos esses livros-feitos-de-árvores-mortas para frente e para trás. Quando um autor autopublica seu livro em formato digital, gera um colapso dramático na tradicional cadeia de abastecimento. Em muitos casos, a nova cadeia torna-se autor-cliente ou autor-livraria on-line-cliente ou, ainda, autor-distribuidora on-line-livraria on-line-cliente e, desde que bits e bytes digitais custam praticamente nada para serem enviados pela internet, grande parte do custo do livro é eliminado. Isso significa que autores de e-books autopublicados podem oferecer seus livros a um custo drasticamente menor por cópia, enquanto fazem um lucro maior por unidade. E quando o preço de qualquer coisa diminui, significa que o produto é comprável por um leque maior de clientes.
Que novas práticas comerciais os editores tradicionais deveriam adotar?
– Os editores precisam digitalizar rapidamente os seus catálogos, derrubar o DRM e adotar estruturas de preços mais razoáveis para seus livros digitais. Devem experimentar diferentes metodologias de venda digital. Podem considerar a oferta de assinaturas de seus catálogos, ou subgrupos de catálogos, ou ofertas de pacotes, ou combinar seus livros impressos com e-books. Há todo um número de permutações possíveis. É importante que os editores comecem a experimentar agora a ver o que funciona melhor para os seus negócios, seus autores e clientes.
Na indústria da música, temos visto um grande movimento em direção aos artistas indie que alavancam a democratizar a produção, comercialização e venda de música na internet. Isso começa a aparecer no mercado de livros. O que essa tendência pode significar para as editoras tradicionais?
– A maioria dos autores foi treinada para acreditar que o melhor método de publicação é com uma editora tradicional. Admiro o inestimável papel dos editores de encontrar os melhores autores, cuidar deles e viabilizar sua distribuição. No entanto, com os novos desafios, elas estão sendo menos capazes de investir neste serviço. Isso significa que alguns autores talentosos serão marginalizados. Um número crescente de autores percebe que o ônus da publicidade do livro está caindo sobre seus ombros. À medida que as editoras passem essa responsabilidade para os autores, estes vão começar a perceber que podem se tornar seus próprios editores.
*Escritor, analista de TI e editor do Pontolit(www.pontolit.com.br)
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Nova Biblioteca disponibiliza livros online para crianças
0 Comentários quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Publicado por Paulo Barreiro de Sousa
Assunto: biblioteca digital, Literacia, literacia digital, Plano Nacional de Leitura
Foi criada a Biblioteca de Livros Digitais (BLD), cujas obras reúnem diversas vertentes que tornam a leitura particularmente apelativa, convidando os leitores a transformarem-se em escritores ou ilustradores e a partilharem as suas produções com os cibernautas inscritos na Biblioteca dos Livros da Malta. Neste momento, a BLD disponibiliza nove obras para diversas faixas etárias, desde o pré-escolar até à idade adulta, e está previsto que sejam disponibilizadas mais 35 durante o próximo semestre.
Além da leitura, cada obra apresenta vários “extras”, nomeadamente: cinema de animação, vídeo e áudio; uma apresentação animada das personagens principais; comentários de autores e ilustradores; uma leitura dramatizada da história; e, no final do livro, há um espaço que pode ser utilizado para escrever ou ilustrar, criando uma versão personalizada. Através do registo na Biblioteca dos Livros da Malta, os leitores podem, ainda, enviar e-mails aos restantes membros da comunidade virtual, recomendando livros e divulgando os textos que escreveram.
Nesta fase, a prioridade vai ser dada às obras destinadas às crianças entre os cinco e os sete anos e, de acordo com o Ministério da Educação, “o grande objectivo deste projecto, que envolve o Centro de Investigação para as Tecnologias Interactivas, o Plano Nacional de Leitura, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Ensino do Português, é a criação de um instrumento que promova a leitura, tirando partido da natural apetência que os mais jovens têm pelas novas tecnologias”.
Nesta fase, a prioridade vai ser dada às obras destinadas às crianças entre os cinco e os sete anos e, de acordo com o Ministério da Educação, “o grande objectivo deste projecto, que envolve o Centro de Investigação para as Tecnologias Interactivas, o Plano Nacional de Leitura, a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Ensino do Português, é a criação de um instrumento que promova a leitura, tirando partido da natural apetência que os mais jovens têm pelas novas tecnologias”.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Sociedade da Informação e do Conhecimento em Portugal
0 Comentários terça-feira, fevereiro 03, 2009
Publicado por Nuno de Matos
Assunto: INE, sociedade da informação, utilizador
O INE lançou o destaque “Sociedade da Informação e do Conhecimento – Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias (indivíduos dos 10 aos 15 anos) - 2005 – 2008”
De 2005 a 2008, observa-se na faixa etária dos 10 aos 15 anos um aumento na proporção de utilizadores de computador e Internet, destacando-se a utilização da Internet (que passou de 73,5% para 92,7%). A utilização de telemóvel intensifica-se entre 2007 e 2008 em mais de 11 pontos percentuais (passando de 73,3% para 84,6%).
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
As empresas devem estar atentas ao potencial do fenómeno YouTube para o seu negócio
0 Comentários segunda-feira, fevereiro 02, 2009
Publicado por Paulo Barreiro de Sousa
Assunto: gestão da informação, Internet, vídeo, YouTube
Os profissionais da informação têm vindo a colocar vídeos confidenciais no YouTube devido à existência de poucas alternativas. Felizmente, nos últimos meses assistimos à introdução de serviços ou produtos análogos por parte de outros fornecedores, como a Google, Microsoft e Veodia. A diferença é que muitos dos novos serviços permite o alojamento de vídeos com controlos de acesso instituídos pelas empresas.
Estes novos serviços fornecem aos profissionais da gestão da informação e do conhecimento uma forma de aliarem os vídeos empresariais e os vídeos criados pelos empregados para fins de formação, inspiração e captura de conhecimento.
Fonte: Insight Sinfic
Estes novos serviços fornecem aos profissionais da gestão da informação e do conhecimento uma forma de aliarem os vídeos empresariais e os vídeos criados pelos empregados para fins de formação, inspiração e captura de conhecimento.
Fonte: Insight Sinfic
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