Agir inaugura literatura digital no Brasil com 1º livro lançado no papel e no Kindle
Fonte: IDG Now. Data: 11/11/2009.
Autor: Guilherme Felitti .
Rubem Fonseca será 1º escritor a ter um novo livro – o romance “O Seminarista” - disponível tanto em papel nas prateleiras como no Kindle e no iPhone.
Além da prosa seca e violenta passada em centros urbanos e a tradicional reclusão, Rubem Fonseca também há de ser lembrado por outra faceta: a de entusiasta de tecnologia.
O escritor mineiro, ganhador do Prêmio Luis de Camões de literatura em língua portuguesa em 2003, será o primeiro brasileiro a lançar uma obra digital simultaneamente à sua versão em papel.
"O Seminarista", vigésimo sétimo livro de um catálogo que conta ainda com obras como "Agosto", "O Cobrador" e "Lúcia McCartney", ganhará edição eletrônica para o leitor Kindle, da Amazon, e aplicativo para iPhone e iPod touch em, no máximo, duas semanas.
O lançamento da obra, cuja versão em papel chegou às livrarias brasileiras no sábado (7/11), marca a mudança de Fonseca da Companhia das Letras para a editora Agir, pertencente ao grupo Ediouro, que também reeditará gradualmente o catálogo do escritor mineiro.
As datas em que as versões digital e analógica do livro estarão disponíveis só não coincidiram pelos processos de aprovação que tanto Amazon como Apple exigem para a publicação de livros digitais ou aplicativos, segundo o diretor de tecnologia e mídias digitais da Ediouro, Newton Neto.
"As datas são um pouco imprecisas pelo pioneirismo. A tendência é que, a partir dos próximos lançamentos, na última semana de novembro, tenhamos maior regularidade de datas", afirma Neto, citando que a versão para iPhone deve ser lançada nesta semana e do Kindle, na próxima.
O aplicativo para iPhone ou iPod touch custará 9,99 dólares, enquanto a versão para Kindle custará 19,99 reais. Já a versão tradicional de "O Seminarista", com 184 páginas, sai por 36,90 reais em livrarias.
Além de "O Seminarista", a Agir lança simultaneamente a versão para Kindle do livro "Deu no blogão", do dramaturgo Aguinaldo Silva.
Até o final do mês, as 12 edições da coleção BlogBooks, em que blogs de projeção foram transformados em livros após votação popular, também estarão disponíveis para Kindle.
Segundo Neto, a Ediouro planeja que todos os lançamentos de versões digitais sejam simultâneos às edições em papel a partir de dezembro, o que faz com que a editora trace a ousada projeção de ter 10% do seu faturamento proveniente de livros digitais.
Neto, porém, faz a ressalva: o número deverá incluir também a impressão sob demanda pela Singular, serviço em que a Ediouro atualmente vende seus próprios livros e que pretende transformar em uma plataforma de agregação de literatura digital.
"Eventualmente, um ou outro não (será lançado simultaneamente no digital) pela falta de apelo: um livro cheio de imagens e gráficos não é muito amigável com e-readers", explica.
Comemorando com Fonseca
A escolha por Rubem Fonseca não foi arbitrária. "Ele é um cara que embarcou nesta onda digital há algum tempo", afirma Neto para justificar a escolha do autor para inaugurar os lançamentos simultâneos no mercado literário brasileiro.
Em fevereiro, Fonseca publicou artigo no Portal Literal em que destrincha o gadget e, após demonstrar sua fascinação pelo armazenamento digital de obras, opina, "aqui entre nós", que "esse Kindle me parece fogo de palha".
Fogo de palha ou não, o lançamento de "O Seminarista" não apenas transformou Fonseca no primeiro a ter um novo livro disponível tanto nas prateleiras como na internet, como também o tirou da sua tradicional reclusão.
Para divulgar o livro, Fonseca leu trechos do novo romance e do conto "A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro" para que a Ediouro compilasse arquivos e os publicasse no YouTube ou no site de divulgação de "O Seminarista", em raro registro da voz do escritor mineiro.
Pioneirismo na poesia
O novo livro não é o primeiro brasileiro a estar disponível para o Kindle em português.
Desde o começo de novembro, a editora carioca Ibis Libris oferece para download no leitor da Amazon dois livros: "Gozo de Ulysses", de Noga Sklar, e "Marco Pólo & A Princesa Azul", de Thereza Cristina, em edição bilíngüe.
É a própria Thereza, fundadora da editora, quem relata que a edição bilíngüe do seu livro não se trata de um capricho editorial, mas sim uma exigência da Amazon: para publishers fora dos Estados Unidos, a gigante de e-commerce exigiu livros que tivessem conteúdo em inglês.
Caso a responsável pela obra tenha endereço residencial e conta bancária nos Estados Unidos, é permitida a venda de conteúdo totalmente traduzido para outra língua que não o inglês.
A justificativa, explica ela, é a falta de acordo da Amazon com entidades que coletam taxas referentes ao direito autoral dos livros. "Ainda não abriram venda de livros para o mundo, já que depende de uma questão burocrática. A própria pressão do mercado vai impor" a resolução do problema, acredita Thereza.
A Agir não teve o mesmo problema e é o próprio Newton quem explica o entrevero.
"Sei o que aconteceu: qualquer um pode publicar um livro (para Kindle na Amazon), desde que tenha endereço e um número de seguro social nos Estados Unidos. Publishers internacionais precisam negociar diretamente com um representante da Amazon", conta.
Como a Ediouro já tinha contato com a Amazon por parceiras por impressão sob demanda de obras em português, o contato entre a editora e a gigante de comércio eletrônico acabou facilitado, explica o executivo.
Até o final do ano, a Ibis Libris prevê o lançamento de mais quatro obras para Kindle, todas com poesias disponíveis tanto em inglês como em português.
sábado, 14 de novembro de 2009
Primeiro livro brasileiro no Kindle
sábado, novembro 14, 2009
Publicado por Murilo Cunha
Assunto: e-book, Kindle, literatura brasileira, livro eletrônico
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