segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Editoras não têm medo dos "e-books"




Editoras tradicionais consideram eventual ameaça dos livros electrónicos como mera "profecia".

As editoras tradicionais acompanham à distância a chegada dos dispositivos de leitura electrónicos ao mercado português e, em geral, desvalorizam a ameaça dos e-books aos livros impressos, vista por alguns como mera "profecia".

"As maiores ameaças são as que provocam alterações drásticas no comportamento dos consumidores, actuais ou potenciais", assinalou Francisco Abreu, o editor da Esfera do Caos, para quem, "historicamente, a televisão foi a primeira grande ameaça", pois "o tempo que se passa a olhar para a televisão não é passado com um livro na mão".

Francisco Abreu apontou como segunda grande ameaça "o computador com Internet", que afastou a maioria dos estudantes, "do básico ao universitário", das pesquisas em livros.

Na opinião do editor, a rede tem ainda a desvantagem de provocar "uma mudança radical" nos hábitos de leitura e na atitude relativamente ao suporte tradicional: "A leitura de textos com 200 páginas, num livro, é substituída pela leitura, no monitor do computador, de textos com dois parágrafos ou com duas páginas".

Em contrapartida, e com excepção de "nichos de mercado de elevada especificidade e o muito longo prazo", a nova geração de e-books não representa uma verdadeira ameaça, segundo Francisco Abreu, para quem "vai acontecer agora o mesmo que sucedeu há cerca de uma década com a primeira geração", que não cativou os leitores.

O responsável editorial da Gradiva, Guilherme Valente, é ainda mais crítico em relação a futuros hipotéticos protagonizados pelos livros digitais e pelos respectivos leitores de e-book, afirmando que a editora "não perde tempo com cenários", só avançando "se e quando for útil" e quando tudo for seguro para os autores.

"O livro electrónico, com excepção de 1% de casos em que a sua utilização se possa revelar vantajosa, é um 'gadget', algo para quem gosta dessas coisas, mas não para quem gosta e quer, de facto, ler", declarou o responsável editorial, sem, contudo, vincular a Gradiva à sua opinião.

Prosseguindo a título pessoal, Guilherme Valente disse existirem "profetas que andam há 30 anos a anunciar a morte do livro impresso. A anunciar e a falhar... Não sei como continuam ainda a ser ouvidos, a viver dessas falhadas profecias...", sublinhou, acrescentando que a coabitação dos dois suportes será "um convívio indiferente entre os que lêem e os iletrados".

Mais moderado, Vasco Teixeira, o administrador e director editorial da Porto Editora, considerou "expectável" que as edições digitais "floresçam em determinadas áreas editoriais - por exemplo, a técnica ou especializada", podendo mesmo ter "algum impacto nas vendas dos livros impressos de ficção".

"Mas a perspectiva é de encararmos este cenário de forma positiva, ou seja, podemos ter a oportunidade de conquistar novos leitores graças à adaptação de conteúdos a suportes tecnológicos", ponderou, referindo que "todos os estudos apontam para um cenário de complementaridade de suportes".

Fonte: JN

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