segunda-feira, 2 de junho de 2008

Três em cada quatro brasileiros não freqüentam bibliotecas




Três em cada quatro brasileiros não freqüentam bibliotecas
Fonte: Agência Brasil Data: 1 de junho de 2008.
BRASÍLIA - A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada na última semana pelo Instituto Pró-livro, mostrou que a biblioteca ainda é vista como um lugar desinteressante para a população. A maioria dos entrevistados - 67% - afirmou que sabe da existência de uma biblioteca pública em sua cidade, mas 73% declararam que não costumam usar o serviço. A estimativa indica que três a cada quatro brasileiros não vão a bibliotecas.
No lançamento da pesquisa, o ministro interino da Cultura, Juca Ferreira, afirmou que as bibliotecas precisam deixar de ser “depósitos de livro”. Para a presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Rodrigues , espaços defasados e com poucos recursos são uma das causas do desinteresse do brasileiro.
- Elas [bibliotecas] passam por uma série de dificuldades, falta acervo atualizado e equipamentos para se tornarem mais atrativas. Hoje, com a multimídia e todas as oportunidades de interação, o computador poderia ser um atrativo para a pessoa freqüentar a biblioteca e, a partir disso, ler também o livro em papel.
Jeferson Assunção, coordenador do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) do Ministério da Cultura, explica que a melhoria das bibliotecas já está previstasno programa Mais Cultura. A modernização de cerca de 400 bibliotecas deve ocorrer ainda em 2008.
- Isso será feito a partir de uma perspectiva da biblioteca como centro cultural. O livro é o principal elemento, mas estará articulado com outros suportes de leitura.
A pesquisa mostra ainda que 8% dos brasileiros, cerca de 15 milhões de pessoas, não têm nenhum livro em casa. Para Assunção, o dado reforça a importância do fortalecimento das bibliotecas públicas para garantir o acesso à leitura.
De acordo com o Ministério da Cultura, 90% dos municípios contam com pelo menos uma biblioteca pública, mas, segundo Nêmora, esse número não expressa a realidade.
- Dizer que existe uma sala, um local em que se colocam livros ali dentro não significa dizer que é uma biblioteca. A biblioteca é um organismo dinâmico, ela não vive de um amontoado de livros.
Nêmora critica ainda o fato de que muitas bibliotecas escolares não contam com profissionais adequados.
- Muitas vezes, os locais são administrados por professores em desvio de função e não bibliotecários - afirma.
Para cativar aqueles que não vão à biblioteca, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal desenvolve o projeto Mala do Livro. Uma caixa de madeira com acervo variado é deixada em pontos de grande circulação.
O público leva o livro para casa e devolve quando quiser. Não precisa de cadastro ou termo de compromisso, basta preencher uma ficha com o próprio nome e o título da obra que vai levar. Na última sexta-feira (30), uma mala foi deixada na estação do metrô de Taguatinga.
- Biblioteca é lugar de livro, metrô não. Essa é a diferença, é uma antítese que chama a atenção de pessoas que têm o hábito de ler e outras que estão pegando um livro pela primeira vez - conta Israel Ângelo, agente do projeto.
Em duas horas, dez exemplares foram emprestados, entre eles Hamlet, de Shakespeare, escolhido por Luan de Santos, de 12 anos, que pegava o metrô para voltar para casa depois da escola.

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