Autora: Mariana Mandell.
Fonte: O Estado de S. Paulo. Data: 13/12/2010.
Educadores afirmam que o segredo para despertar o gosto pelos livros nas crianças e jovens está muito mais no comportamento dos pais que nas orientações da escola. “Os pais devem ler junto com os filhos, mantendo o canal de comunicação aberto, sem censurar o que as crianças querem ler”, aconselha José Manuel Moran, diretor de Educação a Distância da Anhanguera Educacional e professor aposentado da ECA-USP. “Ler mostrando o quanto isso pode ser gostoso deve ser encarado como uma tarefa pelos pais”, opina Teresa Ferreira, psicopedagoga da Unifesp. “É mais fácil despertar o gosto pela leitura no jovem dessa forma do que pela imposição que a escola e os vestibulares fazem.”
A importância de incentivarem a leitura formal em casa decorre principalmente do fato de que, hoje, desde muito cedo, as crianças já têm contato com o computador. “Atualmente, os brinquedos são quase todos eletrônicos. Poucos são pedagógicos”, aponta Sylvia van Enck, psicóloga do Programa de Dependência da Internet do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI) da USP.
Os livros sempre entraram na casa dos irmãos Dora e Paulo Galvão Amaral, de 14 e 11 anos, respectivamente. Dora passa cerca de três horas por dia na internet e gosta de ler, mas acaba tendo mais contato com as obras que a escola indica. “Se não for livro obrigatório, só vou até o fim se a história me cativar”, conta.
Paulo é um aficionado por letras. “Li duas coleções de livros neste ano e muitos gibis. Também gosto de ler jornal, principalmente quando meu pai me mostra alguma matéria legal de ciências”, conta. “Minha mãe sempre incentivou a gente a ler. É só eu comentar que quero tal livro que ela aparece com ele.”
Adaptações. O dilema entre barrar o uso das novas tecnologias – para evitar distrações – e usufruir das possibilidades digitais já assola o cotidiano das escolas. No Colégio Santo Américo, na zona sul paulista, a direção vai proibir o celular na sala de aula em 2011 – antes a orientação era de não usar. “Percebemos alguns abusos”, conta Cesar Pazinatto, coordenador do ensino fundamental II. “É complicado lidar com tudo isso, porque as novas tecnologias têm um potencial enorme para ser explorado em classe.”
Para o professor da área de educação e ciência da computação da Universidade de Stanford, Paulo Blikstein, o grande desafio da escola é a motivação. “É preciso direcionar o aprendizado para coisas interessantes. Aí entra o papel dos pais e professores: apontar obras e criar condições para que os alunos se interessem de forma genuína”, afirma. “Conversar com amigos pelo celular é ótimo, mas isso não vai necessariamente levar ninguém a ler Machado de Assis.”
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
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