quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Música invade as redes




Fonte: Correio Braziliense. Data: 28/09/2010.

Com a tendência de serviços web e de sites virarem verbos quando se tornam hits (já googleou ou tuitou hoje?), tudo que a Apple mais quer é que você pingue um pouquinho.

A gigante da maçã entrou na briga contra Twitter e Facebook, anunciando um novo serviço focado em música na sua rede social: o Ping. Integrado ao iTunes (o programa/loja de conteúdo multimídia da maçã), a ferramenta já está disponível para 160 milhões de pessoas em 23 países. No Brasil, a assessoria da empresa diz não haver nem previsão para que a loja virtual (e em consequência o Ping) comece a funcionar. O iTunes 10 já pode ser baixado, mas o botão que conduz à rede social simplesmente não aparece na versão instalada por aqui.

Quando se fala em rede social focada em música, não há como não citar o MySpace, serviço criado em 2003. Antes mesmo do Facebook, ou o Orkut, quando surgiu, reinou soberano e viu, com o tempo, o pessoal se interessando mais por socialização e menos por música.

O lançamento do Ping é golpe rasteiro: já totalmente integrado ao player de música, com perfis para artistas e um esquema de seguidores parecido com o do Twitter. Há quem não duvide de que esta pode ser a pá de cal do MySpace. Mas, para Lorena Tárcia, coordenadora do laboratório de convergência de mídias do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), é difícil dizer. Ela acredita não ser possível transformar os usuários do iTunes em usuários da nova rede social. “A Apple disponibiliza a ferramenta e, de forma inteligente, promove a adesão instantânea dos 160 milhões de usuários do iTunes. Mas isso não significa que todos serão ativos nessa nova rede. É preciso aguardar e analisar a reação das pessoas à novidade, principalmente porque a Apple é pródiga em impor restrições de uso em suas ferramentas”, explica.

Socialização na escuta

Seria claramente uma estratégia para que o usuário comprasse a música inteira, no próprio ambiente da loja do iTunes. Esse é outro aspecto que fez os críticos torcerem o nariz: a Apple segue na contramão dos serviços em plataformas abertas na internet. O Ping funciona apenas no iTunes (e não simplesmente em um navegador, como qualquer outra rede social), no iPod ou no iPhone. É como se a Apple ignorasse por completo quem usa telefones Blackberry ou Android.

O modelo fechadão da empresa já é um clássico em seus lançamentos cheios de particularidades mercadológicas (iPad não tem USB, só para lembrar). Por isso, especialistas preferem a cautela à certeza de que o lançamento da Apple será um sucesso. “As redes sociais se movem numa velocidade tão grande e com estratégias competitivas tão agressivas, que será preciso aguardar a reação das empresas e, principalmente, dos usuários. Os primeiros movimentos apontam para um certo desconforto do Facebook em relação à Apple e ao Ping. Por outro lado, vínhamos acompanhando uma aproximação maior entre Facebook e MySpace na última semana, antes do Ping. E há quem aponte um redirecionamento do MySpace com enfoque dedicado mais ao conteúdo do que à socialização”, explica Tárcia.

No lançamento da novidade, Steve Jobs deixou claro quem são os inimigos que a Apple deve atacar com o Ping. “É como uma mistura de Twitter e Facebook”, disse Jobs. A inclinação da gigante da maçã em direção às redes sociais é indício de fenômeno curioso. “É uma movimentação de gigantes nem estamos ainda falando de Google, ameaça com uma todos. A questão está na importância da sociabilidade na rede. Não dá para ficar de fora”, aponta Tárcia. Ela lembra, contudo, que tamanho não é documento na web. “A lógica da internet é fascinante neste sentido. Novas empresas sem grandes investimentos iniciais surgem e agregam as pessoas com velocidade, como o Twitter. Ao mesmo tempo em que projetos com grande aporte de investimento e marketing como o Google Wave definham frente ao desprezo dos usuários. A palavra-chave é engajamento e, nesse aspecto, a Apple já saí em vantagem. Mas, na rede, não basta ser grande, é preciso um charme especial que, felizmente ou infelizmente, não está acompanhado de manual”, defende.

Como não há fórmula pronta, resta às gigantes correr atrás. Por isso, a rede da Apple tem tantas semelhanças com os dois mais bem-sucedidos exemplos no cenário atual: é possível seguir o seu artista favorito, como no Twitter. E também dá para colecionar amigos de forma mais direta que no microblog, à maneira do Facebook. Além de permitir a interação com os artistas, o Ping facilita para que você fique por dentro das atualizações desses amigos, veja fotos e vídeos, leia comentários, etc. Uma outra ferramenta é centrada em agenda de shows — e aqui mistura conceitos do MySpace e do Facebook, já que é permitido confirmar presença nas apresentações e contar a seus amigos a respeito.

Pequenas e importantes

Há várias maneiras de se socializar o que se escuta na internet. Pulverizado por meio de redes menores, o hábito de compartilhar gostos musicais se espalha por vários sites sem grandes pretensões. “Este público sustenta pequenas redes focadas na qualidade e não no volume de adesões”, diz Tárcia. São serviços gratuitos, como Last.FM, o Blip.FM ou o Rate your music, que permitem que se defina um perfil musical e troque informações com amigos de gostos parecidos.

Sites como o Myspace e o Oi Novo Som acabam caindo nas graças de músicos em busca de visibilidade. Qualquer um deles é bacana para quem quer descobrir novos sons. “Em termos de tendências, pelas próprias características da internet, penso que cada vez mais teremos mídias sociais com foco específico para que o usuário possa optar por aquela que mais lhe interesse. Assim, como uma conexão entre elas, para que não seja necessário acessar sites distintos para interligar essas diversas redes de relacionamento”, acredita Tárcia.

O Blip.FM, por exemplo, permite integração com outras redes, como o Twitter e o Facebook, o que é apontado como um dos principais pontos positivos da plataforma. Como o som chega a você Scrobble Processo usado em redes sociais para atrelar as informações do seu player (que pode ser Winamp, Windows Media Player ou iTunes) à rede. Assim, o site sabe, automaticamente, o que você está ouvindo naquele momento e traça seu perfil musical.

Streaming

Em serviços baseados em streaming, música ou vídeo são transmitidos diretamente da internet e não ficam arquivados no computador. Enquanto se ouve ou assiste ao arquivo, ele vai sendo carregado, em fluxo. É como funciona o YouTube. Download Quando a música é baixada para o computador, por meio de sites de compartilhamento ou lojas virtuais de CDs, o arquivo fica armazenado e o dono pode, por exemplo, transferi-lo para um tocador portátil, como um MP3 Player. iTunes X iTunes Store É o nome do programa para ouvir músicas e ver vídeos da Apple. Mas também é o nome da loja de conteúdo da empresa. O programa já é usado no Brasil, tanto por usuários de Mac quanto por quem usa PC, mas a loja ainda não funciona por aqui.

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