sábado, 22 de maio de 2010

Editoras miram filão dos livros técnicos




Autor:Tom Cardoso.
Fonte: Valor Online. Data: 20/05/2010.

O mercado editorial brasileiro está com o freio de mão puxado. São vários os motivos: o baixo índice de leitura no país (3,7 títulos por habitante/ano - 1,3 se retirados os livros escolares-didáticos); o mercado ainda não sabe muito bem como lidar com o livro eletrônico; e o ano de 2009 não deve apresentar o mesmo desempenho de 2008, quando cresceu 9,71% e movimentou cerca de R$ 3,3 bilhões.

Porém, o potencial de expansão ainda é enorme, tanto que nos últimos anos grupos estrangeiros, principalmente da Espanha, desembarcaram por aqui em busca de bons negócios. E conseguiram. A Planeta do Brasil, braço editorial do grupo Planeta, quinto grupo de comunicação do mundo e líder em língua espanhola, apresenta bons resultados em poucos anos de mercado brasileiro. O mesmo vale para o Grupo Santillana, também espanhol, braço editorial do Grupo Prisa, gigante de comunicação que atua em vários países da América Latina desde 1964. A Planeta, que chegou ao Brasil em 2003, aparece em quinto lugar no ranking elaborado pelo jornal "Folha de S. Paulo" que enumera as editoras que mais emplacaram livros na lista dos mais vendidos. Já a Santillana, no país desde 2001, quando adquiriu a Editora Moderna (hoje ela controla, além da Moderna, a editora Salamandra e parte da Objetiva), fechou 2009 com faturamento de R$ 525 milhões. Em menos de dez anos, a participação da Santillana no mercado brasileiro cresceu 44%.

Rosely Boschini, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), conta que a Pesquisa de Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro de 2009, realizada pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), ainda não está pronta, mas adianta que os números do ano passado - e talvez deste ano - não devem mudar muito. Em 2008, foram publicados 51.129 títulos (mais 19,52% em relação a 2007) e produzidos 340.274.195 exemplares (menos 3,17%).

Para Rosely, a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em agosto, mostrará se o mercado conseguiu superar a estagnação. As editoras estarão voltadas para o vertiginoso crescimento dos livros técnicos, filão que se fortaleceu com o aumento do poder aquisitivo das classes C e D. Livros científicos, técnicos e profissionais (9,28%) foram um dos segmentos que mais cresceram em 2008 (aumento de quase 10% sobre 2007).

"Os programas governamentais de compra de livros para as escolas são estáveis, transparentes e com regras claras, o que dá segurança para o mercado", afirma Sérgio Quadros, diretor-geral do Grupo Santillana no Brasil. Os planos para os próximos anos são ambiciosos. O grupo espera encerrar 2010 com faturamento de R$ 580 milhões e investir, até 2015, cerca de R$ 30 milhões por ano no desenvolvimento de novos produtos.

Não menos ousadas são as metas da Planeta. "Nosso objetivo é chegar ao seleto grupo das três primeiras editoras do Brasil até 2020", afirma César González, diretor geral da Planeta do Brasil. A editora não revela números de seu faturamento em 2009, mas dá exemplos práticos da importância que o mercado brasileiro tem hoje o para o grupo espanhol. "Temos números de vendas próximos ao mercado argentino. Porém, lá a Planeta está há 42 anos, aqui apenas há sete", compara González.

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