terça-feira, 9 de março de 2010

Inquérito revela prós e contras da Internet




A maioria dos especialistas acredita que faz o ser humano mais inteligente.

A Internet está a fazer-nos mais inteligentes. Este é um dos resultados do mais recente inquérito do Pew Research Center. Pelo quarto ano consecutivo, a Pew Internet & American Life Project e a Elon University's Imagining the Internet Center levam a cabo o estudo «Future of the Internet», no qual pretendem lançar luzes de como a tecnologia irá afectar o ser humano nos próximos dez anos.

O inquérito foi realizado através de cinco perguntas a 900 especialistas na área, entre eles, professores universitários e responsáveis por empresas tecnológicas.
  
Esta ‘sessão’ do estudo foi a mais provocadora das quatro. Duas das perguntas debruçavam-se sobre a possibilidade da Internet estar a modificar o intelecto humano. Questionava-se também se as inovações tecnológicas continuariam a surpreender a humanidade.

As duas últimas tinham um carácter mais social, a saber: se continuaria a existir o princípio de «neutralidade da rede» e se daqui a dez anos seria ainda possível ser-se «anónimo» na Internet.
As conclusões parecem ser animadoras. Dos 900 especialistas, 76 por cento acredita que a Internet está a tornar o ser humano mais inteligente. Isto vem contradizer um artigo publicado em 2008 na revista «The Atlantic», intitulado «Is Google Making Us Stupid?» (Estará o Google a tornar-nos estúpidos?), de Nicholas Carr. Ali, um grupo de neurologistas e psicólogos defendia que o fácil acesso a dados e a própria forma de navegar na Internet limitava a nossa capacidade de concentração.

Artigo da «The Atlantic» dizia que Internet diminiu profundidade de pensamento
Artigo da «The Atlantic» dizia que Internet diminiu profundidade de pensamento
Neste estudo, a maior parte dos especialistas acredita que a Internet potencia das habilidades mentais. Apenas 21 por cento considera que o seu impacto será negativo. Carr está entre eles pois acredita que o preço da rapidez de acesso à informação é “a perda de profundidade do pensamento”.

Hal Varian, da Google, contrapõe esta opinião defendendo que a Google está a tornar-nos mais informados. A pessoa mais inteligente do mundo pode estar atrás de um arado na China ou na Índia. Disponibilizar acesso universal à informação vai permitir que as pessoas consigam realizar o seu potencial, promovendo benefícios para o mundo inteiro”.

O vice-presidente da Associação de Investigadores de Internet, Alex Halavais, não acredita nem numa coisa, nem noutra, pois acha que a pergunta está mal feita. “Reter uma informação que fácil de encontrar através do Google não é um sinal de inteligência. Ser capaz de descobrir informação de forma rápida e eficaz e resolver problemas será o que temos de ter em conta.

À segunda pergunta, 65 por cento dos entrevistados responderam que em 2020 a Internet terá melhorado a nossa capacidade de ler e de escrever. Esta melhoria será evidente tanto mais que os novos leitores serão comparados com a geração anterior – a da televisão, defende Stephen Downes, do Conselho Nacional de Investigação do Canadá.



A tecnologia vai continuar a surpreender

Os avanços tecnológicos vão continuar a surpreender os usuários da Internet. Pelos menos é que acreditam 80 por cento dos inquiridos. O co-fundador do medidores de blogs «Technorati», David Sifry, afirma: Não fazemos sequer ideia de como serão as aplicações em 2020”. Há quem acredita que o aumento da banda larga e da potência dos computadores vai provocar uma nova onda de inovações.

Quanto à questão da neutralidade da Internet, apesar de 61 por cento acreditar que vai manter-se, todos reconhecem que existe perigo de deixar de ser livre. Isto pode acontecer se houver uma centralização de poder de operadoras ou um controlo político e económico.

A última questão, sobre o anonimato na rede, divide os especialistas. Num mundo onde a identificação está cada vez mais presente, 41 por cento acredita que será difícil manter o anonimato. No entanto, 55 por cento pensa que a privacidade vai prevalecer.

Fonte: Ciência Hoje

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