Autor:Pedro Diniz. Data: 15/04/2009
Fonte: Jornal do Commércio (PE)
Projeto de reforma do ensino no Reino Unido prevê a inclusão de conhecimentos sobre a enciclopédia online e o microblog no currículo escolar. Em Pernambuco, proposta ganha adeptos
Incluídas no processo de avanço tecnológico, e cada vez mais precoces e dinâmicas, as crianças já nascem conectadas ao conceito de diálogo sem fronteiras espaciais. Sendo assim, o quadro-negro concebido no século 18 por James Pillans torna-se obsoleto diante da necessidade de usar a informática como instrumento educacional e interativo. Pelo menos é nessa ideia que uma proposta de reforma curricular do Reino Unido se baseia. Elaborado por Sir Jim Rose, o projeto prevê a inclusão de conhecimentos de Wikipedia e Twitter no currículo das escolas primárias.
O autor do rascunho é ex-diretor da Ofsted (entidade que vistoria o ensino nas creches e escolas primárias da Grã-Bretanha) e foi criticado pelo sindicato dos professores bretões, suscitando a discussão sobre o uso das ferramentas nas instituições brasileiras. Abolindo detalhes sobre ciência, geografia e história, que deverão ser assimilados até os 11 anos de idade, o plano de Rose ressalta a importância da familiarização com a enciclopédia aberta e o microblog “como fontes de informação e meios de comunicação”.
No exemplo do Wikipedia, o cerne da polêmica quanto a sua utilidade na formação estudantil é, sem dúvida, a autoridade das fontes. O fato de qualquer pessoa poder dissertar sobre um tema, adicionando ou excluindo dados, põe em xeque a sua credibilidade.
Mas para Júlio Horta, psicólogo e coordenador do projeto OiFuturo no Centro de Ensino Experimental Cícero Dias, não é bem assim. Na realização de qualquer atividade ligada às novas mídias ele acredita que “o principal é direcionar para o uso pedagógico”. “Todo instrumento tecnológico que colabore com o desenvolvimento cognitivo do estudante é válido. Cabe aos educadores acompanhá-lo, identificando e corrigindo erros”, afirma.
No entanto, não é raro que a colaboração citada por Horta signifique plagiar conteúdo. Valendo-se da facilidade no acesso ao acervo do site, alguns alunos costumam copiar o texto “bem construído” entregando-o como sendo autêntico.
Em “fase de teste”, o Twitter não é bloqueado nas salas de informática. Por não ser preferido dos adolescentes, essa espécie de Orkut em miniatura ainda não preocupa. “Agora, a comunicação transpôs as paredes da sala de aula. Esses novos canais deram flexibilidade na hora de manter laços e perpetuar o aprendizado”, comemora Thiago Araújo, coordenador do núcleo de informática do Colégio São Luís.
Como toda obrigatoriedade requer um processo de mudança, às vezes lenta considerando as limitações impostas, amadurecer ideias é enxergar o futuro. No caso da digitalização do ensino nacional, isso implica, entre outros fatores, uma melhora efetiva da conexão em banda larga (ainda lenta para padrões internacionais) e conscientização do docente brasileiro. “Nós não devemos ter medo da mudança. O modelo educacional que nós utilizamos tem 200 anos, o que justifica o desinteresse por parte do alunado. Por questões culturais, permitimos que o País fique atrás de outros, como a França, Portugal e Inglaterra, inseridos nessa revolução”, enfatiza Walesky Lima, diretor do colégio Neo Planos.
Pioneiro ao trocar livros por notebooks, nas classes da sexta série até o terceiro ano do ensino médio, a escola pretende em 2010 implantar o sistema desde a alfabetização. “O aluno é quem traz o assunto discutido na sala de aula. E essa noção de que a internet não é confiável é relativa, pois o número de livros com informações erradas é enorme”, finaliza o professor
sexta-feira, 17 de abril de 2009
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