quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Internet é mais cara em países pobres que em ricos




Fonte: Zero Hora, Porto Alegre.
Data: 28/11/2007
Especialista afirma que poder de negociação com EUA influi no valor

Um cidadão de Manaus paga cerca de 1.600% a mais pelo uso da internet do que um morador da Europa ou dos Estados Unidos. Tal distorção é causada, entre outros fatores, pela hegemonia dos americanos na administração dos domínios (propriedade dos endereços dos sites). Essa foi a conclusão desta terça-feira de painel da 6ª Oficina para a Inclusão Digital, que ocorre em Salvador até o próximo dia 29. Segundo Carlos Seabra, diretor de Tecnologia e Projetos do Instituto de Pesquisas e Projetos Sociais e Tecnológicos (Ipso), é necessário o engajamento da população para que o acesso à rede mundial seja democratizado.
— Quanto mais pobre o país, mais as pessoas pagam, e dentro do país também existem diferenças. A população que está sendo incluída digitalmente precisa entender o que se passa política e economicamente para termos uma cidadania participativa — afirmou.
Mediada por Seabra, a mesa contou com a presença de Carlos Afonso, representante da sociedade civil no Comitê Gestor da Internet Brasil, e de José Alexandre Bicalho, representante da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A proposta foi fazer um balanço sobre os resultados do Fórum de Governança da Internet (IGF), que aconteceu em novembro, no Rio de Janeiro.
— As pessoas devem ter mais consciência do que está por trás da inclusão digital. Temos de entrar nas discussões de governança de forma pesada. Se um país como Ruanda quer se conectar à internet, tem que pagar um dinheirão, ao passo que a Austrália, quando vai se conectar, paga muito menos, porque eles têm um poder de negociação maior com os Estados Unidos — declarou Seabra.
No debate, também foram apresentados indicadores do uso da internet no Brasil. Para Seabra, a internet pelo celular pode se converter em uma maneira de ampliar o acesso à rede mundial de computadores. A neutralidade na transmissão de dados também foi foco das discussões. Seabra diz que há provedores de acesso, no Brasil, que reconhecem quando o usuário está no site do concorrente e, por isso, torna a conexão mais lenta para aquela página.
Comentário:
O alto custo do acesso à internet nos países pobre é um dos fatores que dificultam a ampliação do percentual de acesso por parte da população. Acrescenta-se também o fato de que os conteúdos informacionais nas línguas faladas nesses países também atingem percentuais minoritários. Essa situação precisa ser alterada no sentido de incrementar o nível de inclusão digital por parte dessas populações carentes.
Murilo Cunha

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