sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Arquivos sobre Humberto Delgado estão online




Conhecer melhor a vida de Humberto Delgado, tirar alguma dúvida ou pesquisar um período da história contemporânea fica a partir de hoje mais fácil. A Fundação Humberto Delgado conseguiu, ao fim de vários anos, digitalizar e disponibilizar online todos os documentos conhecidos sobre o general da Força Aérea, apoiante de Oliveira Salazar, que se torna um dissidente do regime do Estado Novo, candidata-se às eleições de 1958 e é assassinado sete anos depois, em Espanha.
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Na apresentação pública desta iniciativa, ontem, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa, Iva Delgado, filha de Humberto Delgado e responsável pela fundação, destacou: "O acto ultrapassa as paredes desta casa." "Não se trata de um repositório de informações, ganha um corpus próprio e fala-nos da história e a história está a precisar de ser falada. Sem a divulgação deste manancial de informações, os arquivos do Estado Novo não estariam tão enriquecidos", afirmou.
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As consultas podem ser feitas em ww.humbertodelgado.pt. A partir do seu motor de busca, é possível aceder a milhares de documentos digitalizados sobre o general, que se encontram, por exemplo, nos arquivos da PIDE/DGS, no Torre do Tombo, no Arquivo Histórico Militar e no Histórico-Diplomático do MNE, no Centro de Documentação 25 de Abril, no The National Archives britânico, no arquivo do Ministério das Relações Exteriores de Espanha.
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Documentos novos
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Alguns documentos, contudo, são novos e fruto de doações particulares. É possível, pela primeira vez, consultar o processo de transladação dos restos mortais de Humberto Delgado para o Panteão em 1990, a sua promoção póstuma a marechal, o processo individual de cadete da Força Aérea (que estava votado ao esquecimento nos arquivos militares e que foi digitalizado pela primeira vez agora) ou até o esboço da capa de um livro sobre os Açores, feito à mão pelo general.
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O responsável científico pelo arquivo, Luís Nuno Rodrigues, considera que se trata de "um dos projectos mais inovadores no domínio do estudo do século XX" e "um dos mais importantes fundos documentais que podem ser acedidos através da Internet".
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A família de Humberto Delgado reuniu também nova documentação para entrar neste fundo. Quando a viúva do general decidiu doar o espólio que tinha em casa à Bibilioteca Nacional, em 1982, pôs como condição que a documentação só fosse tornada pública 40 anos após a morte de Humberto Delgado, o que acontece precisamente este ano.
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Cartas em que Delgado elogiava Oliveira Salazar ou outras em que criticava Américo Tomás ou documentos sobre o momento da criação da TAP (o general foi um dos seus fundadores enquanto director do Secretariado da Aeronáutica Civil) são outras das peças que podem ser consultadas.
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