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Morreu nesta sexta-feira (18) o escritor português e prêmio Nobel de
literatura José Saramago, aos 87 anos, em sua casa, na cidade de Tías,
Lanzarote, Espanha.
José Saramago havia tido uma noite tranquila e a morte ocorreu por volta
das 8h desta sexta-feira, após tomar seu café da manhã ao lado da
mulher, a tradutora Pilar del Río. Eles estavam conversando quando o
escritor começou a sentir-se mal e logo depois faleceu.
José de Sousa Saramago nasceu na aldeia portuguesa de Azinhaga,
província de Ribatejo, no dia 16 de novembro de 1922, embora no registro
oficial conste o dia 18. Filho dos camponeses sem terra José de Sousa e
Maria da Piedade, mudou-se para Lisboa aos 2 anos, onde viveu grande parte
de sua vida.
O escritor deveria ter sido registrado com o mesmo nome do pai, mas o
tabelião acrescentou o apelido pelo qual o chefe da família era
conhecido na aldeia, Saramago, que também dá nome a uma planta que serve
de alimento para os pobres em tempos difíceis.
Saramago concluiu os estudos secundários em uma escola técnica, mas
não pode cursar a universidade por dificuldades financeiras. Sua primeira
experiência profissional foi como mecânico. Fascinado pela literatura
desde jovem, visitava com grande freqüência a Biblioteca Municipal
Central Palácio Galveias, na capital portuguesa. Foi só aos 19 anos, com
dinheiro emprestado de um amigo, que conseguiu comprar pela primeira vez um
livro.
Além de mecânico, o escritor português trabalhou como desenhista,
funcionário público, editor, tradutor e jornalista. Durante doze anos,
foi funcionário de uma editora, onde ocupou os cargos de diretor
literário e de produção.
Publicou o seu primeiro romance, _Terra do Pecado_, em 1947. Em 1955,
começou a fazer traduções de autores como Hegel, Tolstói e Baudelaire
para aumentar os rendimentos. Seu próximo livro, _Clarabóia_, foi
rejeitado pela editora e permanece inédito até hoje.
O escritor só publicaria um novo livro, _Os Poemas Possíveis_, (1966),
dezenove anos depois do primeiro. Entre 1972 e 1973, foi comentarista
político do _Diário de Lisboa_, coordenando durante alguns meses o
suplemento cultural do jornal. Em um espaço de cinco anos, publicou sem
grande repercussão mais dois livros de poesia, _Provavelmente Alegria_
(1970) e _O Ano de 1993_ (1975).
O escritor fez parte da primeira diretoria da Associação Portuguesa de
Escritores. Entre abril e novembro de 1975 foi diretor-adjunto do _Diário
de Notícias_, quando os militares portugueses, reagindo ao que
consideravam os excessos da Revolução dos Cravos, demitiram diversos
funcionários. A partir de 1976, o escritor português passou a viver
exclusivamente de seu trabalho literário.
No ano seguinte, o autor voltou a escrever romances, gênero que o tornou
mundialmente conhecido. A partir desta época, sua produção literária
cresce consideravelmente, mas é em 1980 que Saramago dá uma grande
guinada em sua produção literária, com a publicação de _Levantado do
Chão_.
Segundo diversos críticos, a obra marca o início do estilo que o
consagrou, destacado por frases e períodos extensos, que as vezes ocupam
mais de uma página e são pontuados de maneira anti-convencional. Os
diálogos entre os personagens costumam aparecer inseridos nos próprios
parágrafos que os antecedem, de forma a extinguir o uso de travessões em
seus livros.
Com a censura do governo português à apresentação do livro _O
Evangelho Segundo Jesus Cristo_ (1991) para o Prêmio Literário Europeu
sob alegação de que a obra ofendia os católicos, o escritor mudou-se
para a ilha de Lanzarte, nas Canárias.
Em 1993, Saramago começou a escrever um diário, _Cadernos de
Lanzarote_, em cinco volumes. Dois anos depois, publicou o romance _O
Ensaio Sobre a Cegueira_, que será transformado em filme em 2008, com
direção assinada por Fernando Meirelles.
No mesmo ano em que publicou _Ensaio Sobre a Cegueira_, recebeu o prêmio
Camões e em 1998, foi laureado com o prêmio Nobel de literatura, o
primeiro dado a um escritor de língua portuguesa.
"Estava no aeroporto prestes a embarcar quando chegou a notícia de que
tinha ganho o Prêmio Nobel. Houve um momento de alegria, os meus editores
de Madrid, que estavam comigo, abraçaram-me. Depois encaminhei-me na
direção da saída e, por mais estranho que pareça, era um corredor
muito comprido e deserto. Eu com a minha malinha de mão, com a minha
gabardina no braço, passei de repente da alegria enormíssima da notícia
que tinha recebido, para a solidão mais completa. Naquele momento a
sensação que tive, claro que eu dava por mim numa grande alegria, era
uma espécie de serenidade: pronto aconteceu", afirmou o escritor sobre o
prêmio.
Considerado por especialistas um mestre no tratamento da língua
portuguesa, em 2003 o escritor português foi considerado pelo crítico
norte-americano Harold Bloom como o mais talentoso romancista vivo. Seus
livros foram traduzidos para mais de vinte línguas, como sueco, romeno e
húngaro.
Comunista ferrenho, Saramago teve sua carreira pontuada por polêmicas
causadas por suas opiniões sobre religião, terrorismo e conflitos. Em
entrevista ao jornal _O Globo_, Saramago criticou a posição de Israel no
conflito contra os palestinos, afirmando que "os judeus não merecem a
simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto".
A Anti-Defamation League (ADL), um grupo judaico que defende direitos
civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas.
O ano de 2004 destaca-se pela publicação de _Ensaio Sobre a Lucidez_.
No ano seguinte, Saramago escreveu _As Intermitências da Morte_, em que
divaga sobre a vida, a morte, o amor e o sentido, ou a falta dele, da
nossa existência, fazendo uma crítica a socidedade moderna.
Em 2007, o Nobel de literatura anunciou que pretendia criar uma
fundação com o seu nome cujo objetivo é preservar e estudar sua obra
literária e espólio e ainda tomar partido em grandes e pequenas causas.
FAMíLIA
Saramago casou-se pela primeira vez em 1944 com Ilda Reis, com quem teve
uma filha, Violante, que nasceu em 1947. O escritor permaneceu casado com
Ilda por 26 anos.
Após se divorciar, em 1970, iniciou um relacionamento com a escritora
portuguesa Isabel da Nóbrega, que duraria até 1986.
Em 1988, o prêmio Nobel de Literatura casou-se novamente com a
jornalista e tradutora espanhola María Del Pilar Del Río Sánchez, com
quem permaneceu até a sua morte.
OBRAS PUBLICADAS
POESIA
_Os Poemas Possíveis_, 1966
_Provavelmente Alegria_, 1970
_O Ano de 1993_, 1975
CRôNICA
_Deste Mundo e do Outro_, 1971
_A Bagagem do Viajante_, 1973
_As Opiniões que o DL Teve_, 1974
_Os Apontamentos_, 1976
_Viagens a Portugal_, 1981
DIáRIOS
_Cadernos de Lanzarote I_, 1994
_Cadernos de Lanzarote II_, 1995
_Cadernos de Lanzarote III_, 1996
_Cadernos de Lanzarote IV_
_Cadernos de Lanzarote V_
TEATRO
_A Noite_, 1979
_Que Farei Com Este Livro?_, 1980
_A Segunda Vida de Francisco de Assis_, 1987
_In Nomine Dei_, 1993
_Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido_, 2005
CONTO
_Objeto Quase_, 1978
_Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido_, 1979
_O Conto da Ilha Desconhecida_, 1997
ROMANCE
_Terra do Pecado_, 1947
_Manual de Pintura e Caligrafia_, 1977
_Levantado do Chão_, 1980
_Memorial do Convento_, 1982
_O Ano da Morte de Ricardo Reis_, 1984
_A Jangada de Pedra_, 1986
_História do Cerco de Lisboa_, 1989
_O Evangelho Segundo Jesus Cristo_, 1991
_Ensaio sobre a Cegueira_, 1995
_A Bagagem do Viajante_, 1996
_Todos os Nomes_, 1997
_A Caverna_, 2000
_O Homem Duplicado_, 2002
_Ensaio Sobre a Lucidez_, 2004
_As Intermitências da Morte_, 2005
_As Pequenas Memórias_, 2006
_A Viagem do Elefante_, 2008
_Caim_, 2009
PRêMIOS
PORTUGAL
Prêmio da Associação de Críticos Portugueses por _A Noite_, 1979
Prêmio Cidade de Lisboa por _Levantado do Chão_, 1980
Prêmio PEN Clube Português por _Memorial do Convento_, 1982 e _O Ano da
Morte de Ricardo Reis_, 1984
Prêmio Literário Município de Lisboa por _Memorial do Convento_, 1982
Prêmio da Crítica (Associação Portuguesa de Críticos) por _O Ano da
Morte de Ricardo Reis_
Prêmio Dom Dinis por _O Ano da Morte de Ricardo Reis_, 1986
Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de
Escritores _O Evangelho Segundo Jesus Cristo_, 1992
Prêmio Consagração SPA (Sociedade Portuguesa de Autores), 1995
Prêmio Camões, 1995
ITáLIA
Prêmio Grinzane-Cavour por _O Ano da Morte de Ricardo Reis_, 1987
Prêmio Internacional Ennio Flaiano por _Levantado do Chão_, 1992
INGLATERRA
Prêmio do jornal The Independent por _O Ano da Morte de Ricardo Reis_,
1993
INTERNACIONAIS
Prêmio Internacional Literário Mondello (Palermo), pelo conjunto da
obra, 1992
Prêmio Literário Brancatti (Zafferana/Sicília), pelo conjunto da obra,
1992
Prêmio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (APE),
1993
Prêmio Consagração SPA (Sociedade Portuguesa de Autores), 1995
Prêmio Nobel da Literatura, 1998
Dê uma olhada na Reportagem da Revista Geografia sobre a atuação das Bibliotecas Comunitárias no analfabetismo funcional.
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http://geografia.uol.com.br/geografia/mapas-demografia/29/artigo158381-1.asp